segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Ao autorizar prisão de Santana, Moro cita risco ao sistema democrático


Sérgio Moro durante evento realizado pela revista The Economist no Hotel Grand Hyatt em São Paulo
Sergio Moro: 'Excepcional é o grau de deterioração
da coisa pública'(Vanessa Carvalho/Folhapress)
Ao autorizar a decretação das prisões do marqueteiro do Partido dos Trabalhadores, João Santana, e da mulher dele, Mônica Moura, o juiz federal Sergio Moro cita os repasses do operador Zwi Skornicki e da construtora Odebrecht ao casal. E classifica as suspeitas de que o publicitário tenha recebido no exterior pagamentos por serviços prestados ao PT como a representação da "corrupção do sistema político partidário" brasileiro.

A força-tarefa da Lava Jato identificou pagamentos que totalizam 4,5 milhões de dólares feitos por Skornicki ao casal Santana por meio de contas no exterior entre setembro de 2013 e novembro de 2014, além de repasses no valor de 3 milhões de dólares da Odebrecht entre abril de 2012 e março de 2013. "Na hipótese probatória mais provável tais valores destinar-se-iam a remunerar os serviços de publicidade prestados por João Santana e Mônica Regina ao Partido dos Trabalhadores", afirma o magistrado. "O que é bastante grave, pois também representa corrupção do sistema político partidário", continua.

Moro salienta que os pagamentos não se tratam de questões esporádicas, mas sim de um esquema mantido por um considerável período de tempo. O juiz chama atenção para as possíveis consequências do ação no processo político democrático. "Há fundada suspeita de que as transações supreptícias efetuadas em favor da conta Shellbill por Zwi Skornick e em favor dela através das contas utilizadas pela Odebrecht representem pagamentos de vantagens indevidas acertadas em contratos da Petrobras, sendo oportuno lembrar que, segundo relato dos vários criminosos colaboradores, havia divisão das propinas, parte sendo direcionada aos agentes da Petrobras e parte aos agentes políticos ou aos partidos políticos que os sustentavam", diz o magistrado.

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