terça-feira, 17 de setembro de 2024

Cadeiradas que importam serão desferidas pelo eleitor, na urna



Os debates eleitorais de São Paulo são tão violentos que a cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal parece uma cena de mutilação democrática destinada a descansar o espectador para coisas mais fortes que estão por vir. O diabo é que o descanso tem a duração de um intervalo comercial.

Datena foi expulso do programa. Marçal ainda voltou ao púlpito da TV Cultura. Mas preferiu transferir seu espetáculo, de ambulância, para as redes sociais. Ali, indagou: "Por que todo esse ódio?" Exagerando na pose de vítima, igualou a agressão de Datena às tentativas de homicídio contra Bolsonaro, em 2022, e Trump, neste ano.

Como cadeira não é faca nem rifle, o marketing da cadeirada serve para expor a debilidade de uma onda eleitoral que tem dificuldades para realizar o sonho de virar tsunami. Mais próximos do segundo turno, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos cuidaram de manter o debate na sarjeta.

Nunes chegou a perguntar para Boulos: "Você cheirou?" Tanto lodo deu a Marina Helena uma aparência de Irmã Dulce. E permitiu a Tabata Amaral lamentar a "postura dos homens".

Na ribalta da internet, os recortes de Marçal foram compartilhados na velocidade da luz. Ganharam as redes caretas do candidato com trilha sonora de sirene, o "M" feito com ar compungido no leito do hospital Sírio Libanês, a palavra do médico sobre uma "linhazinha de fratura" no sexto arco costal...

Datena diz que continua candidato. E Marçal manda dizer que agora é ele quem exige regras mais duras para os debates. Quer, por exemplo, seguranças no palco. Antes que seja necessário impor focinheira aos debatedores, o eleitor talvez perceba que que, numa democracia, as únicas cadeiradas que importam são aquelas desferidas por ele, nas urnas. Faltam 20 dias para para o primeiro turno. É tempo suficiente para deixar de confundir certos candidatos com candidatos certos.


Nenhum comentário: