quinta-feira, 9 de junho de 2022

Difícil distinguir o louco num evento em que empresários aplaudem Bolsonaro




Durou pouco mais de meia hora o discurso de Bolsonaro para empresários filiados à Associação Comercial do Rio de Janeiro. O tempo foi suficiente para que o presidente percorresse todas as suas idiossincrasias tóxicas.

Estimulado por risos e aplausos entusiásticos da plateia, o orador voltou a ofender ministros do Supremo, insinuou que as eleições não serão limpas, acusou o TSE de conspirar pela vitória do seu rival, insinuou que descumprirá ordens judiciais, disse não ter cometido nenhuma falha durante a pandemia —"Nenhuma, zero!"—, repetiu que vacinas não têm comprovação científica e informou que mostrará na Cúpula as Américas que a Amazônia não pega fogo.

Como se vê, nada de novo, exceto as gargalhadas e os aplausos da oligarquia do comércio do Rio de Janeiro.

Na campanha de 2018, Bolsonaro e seu Posto Ipiranga batiam um bumbo que soava como orquestra de violinos aos ouvidos do chamado mercado. O governo aprovaria no Congresso um lote de reformas liberais e faria deslanchar um programa de privatizações. As providências conduziriam a economia brasileira a um ciclo virtuoso. O Sol nasceria para os empresários que desejassem investir.

A quatro meses da eleição, Bolsonaro é desgovernado pelo centrão, briga com o Judiciário, ofende a imprensa, adula malfeitores, cultiva a mentira, virou pária ambiental, enfrenta a rejeição de 54% do eleitorado, desespera-se com o risco de uma derrota no primeiro turno e prepara uma confusão para o final do ano.

A movimentação deletéria de Bolsonaro compõe um ambiente radioativo para os negócios. A pergunta é: Por que gargalham os oligarcas do comércio do Rio? O risco de empresários que batem palmas para a retórica amalucada do presidente é o pessoal que passa não conseguir distinguir quem é quem.

Por Josias de Souza

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