quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

"Lamentavelmente, Lula se corrompeu", diz procurador em julgamento


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Em sua manifestação à 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), o procurador regional Mauricio Gotardo Gerum, represente do MPF (Ministério Público Federal) na segunda instância, rejeitou a tese de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja alvo de um processo político. "Se esta Corte absolver o ex-presidente, a Justiça será feita. Se mantiver a condenação, a Justiça também será feita."

O procurador disse, porém, que os crimes foram "suficientemente provados" e não tiveram como base "a figura política de Lula". "O processo penal é um jogo de prova contra prova. Isso não é feito com base em ilações", declarou.

Gerum disse considerar "muito difícil de acreditar" que o esquema de corrupção na Petrobras "passasse ao largo de um presidente da República".

Segundo ele, "quando pensamos no presidente Lula, com toda sua inteligência, perspicácia e inteligência política, essa dificuldade fica muito maior". O procurador ainda lamentou: "Lula se corrompeu".

O procurador avalia que há uma "tropa de choque" em defesa de Lula que acha mais fácil dizer "que não há provas, que o processo é político".

"O processo judicial não é um processo parlamentar. A truculência dessa tropa de choque está próxima de configurar o crime de coação", declarou.

Parlamentares petistas e aliados de Lula têm reforçado, desde que o ex-presidente foi alvo de condução coercitiva, em 4 de março de 2016, que ele seria alvo de perseguição do Judiciário e da mídia.

Gerum, assim como já havia feito no aparecer em que indicou que a pena de Lula deveria ser ampliada, defendeu a Justiça brasileira.

"Estamos falando aqui em um poder Judiciário construído às luzes da Constituição Federal de 1988. Ninguém aqui tem menos de 20 anos de história de atuação na Justiça".

Ao encerrar a manifestação da acusação, Gerum citou um trecho do livro "Crime e Castigo", do escritor russo Fiódor Dostoiévski, que fala do "verdadeiro Soberano a quem tudo é permitido".

"O verdadeiro Soberano toma Toulon de assalto, faz uma carnificina em Paris, esquece um Exército no Egito, sacrifica meio milhão de homens na campanha de Moscou e se safa de Vilna com uma piada. E depois de morto constroem-se altares para ele, e assim tudo é permitido. Não, pelo visto essas pessoas não são feitas de carne, mas de bronze!".

Após citar o trecho, Gerum disse: "Em uma República, excelência, todos os homens são de carne."

Gerum foi o segundo a falar na sessão de julgamento, que avalia a apelação de Lula contra a sentença em que foi condenado a noves anos e meio de prisão pelo juiz Sergio Moro, em 12 de julho de 2017.

Caso a 8ª Turma confirme a condenação do ex-presidente, Lula poderá ficar impedido de disputar a eleição presidencial, marcada para 7 de outubro, em função da Lei da Ficha Limpa.

O ex-presidente é pré-candidato do PT ao Planalto e lidera todas as pesquisas de intenção de voto. Uma decisão contrária a Lula também poderá levar o TRF-4 a ordenar a execução da pena de prisão.

Por UOL

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