Por Reinaldo Azevedo
O ministro Dias Toffoli está inconformado com a decisão tomada por Rodrigo Janot, que pôs fim à delação de Léo Pinheiro. Vamos ver.
Que havia um documento sugerindo que o ex-chefão da OAS teria algo mais a dizer sobre o ministro, isso havia. O que fariam com o papelucho nos corredores secretos do Ministério Público, isso ninguém sabe. Aliás, há informações seguras de que se procurava ajustar a mira contra outros integrantes do Supremo.
Ministros da Corte não podem ser investigados? Sim, claro! Podem até ser impichados. Mas não com táticas de polícia secreta, entendem? A democracia é coisa séria demais para ser privatizada por procuradores. Ou por juízes. Ou por açougueiros. Ou por jornalistas. Ou por apreciadores de Chicabon.
E qual a razão do inconformismo do ministro?
A exemplo de toda gente, ele também não entendeu por que Janot pôs fim à delação de Pinheiro. Como disse a um interlocutor, a decisão acaba deixando no ar a suspeita de que ele, Toffoli, teria algo a esconder. O ministro considera que a única maneira de eliminar qualquer sombra é o empresário falar tudo o que sabe — e, segundo diz, Léo Pinheiro nada sabe que o desabone.
Há mais: Gilmar Mendes foi quem se expressou com clareza contra métodos muito pouco ortodoxos em curso no Ministério Público. Mas ninguém se engane: essa questão revoltou todos os membros da Corte, sem exceção.
Não há ali ministro que não considere que, para o bem do próprio tribunal, a delação de Pìnheiro tem de ser retomada. Ou, então, é preciso que se expliquem exatamente os motivos que levaram Janot a tomar aquela atitude.
O ruído de informação que chega a boa parte das pessoas é que se decidiu jogar tudo embaixo do tapete quando apareceu o nome de um membro do Supremo. E é claro que Rodrigo Janot e os procuradores, que lidam com admirável destreza com a imprensa, sabem disso.
E aí, Janot?
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