sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Com PDV, fantasma de cortes gera insegurança na Embraer


Funcionários da Embraer aguardam para conhecer o novo jato da Embraer. Foto: Claudio Vieira/O VALE

O Vale

O anúncio do primeiro PDV (Plano de Desligamento Voluntário) na Embraer desde que a empresa foi privatizada, em 1994, gerou um clima de insegurança entre os trabalhadores.
Voltou o fantasma das demissões, que deixou suas últimas marcas na companhia em fevereiro de 2009.

Na ocasião, a Embraer culpou a crise econômica internacional para demitir 4.200 trabalhadores, cerca de 20% da mão de obra global, de 21.362 funcionários. Foram mais de 3.000 demitidos no Vale do Paraíba.

Agora, a empresa tem 19 mil empregados no mundo, sendo 17 mil no Brasil --14 mil deles na região--, e recorrerá à demissão voluntária também para enfrentar a crise, que provocou redução em suas projeções (leia texto nesta página). A meta é cortar despesas e economizar US$ 200 milhões, cerca de R$ 650 milhões.

A pergunta que os funcionários fazem é: quantos terão que sair?

"Nenhuma ideia da quantidade. É melhor divulgar o quanto antes. Os trabalhadores estão apreensivos", disse Herbert Claros, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José.

Ele terá uma reunião com a Embraer às 15h de hoje, em São José. O encontro deve tratar das regras e do pacote de benefícios do PDV.

Em nota, a Embraer confirmou que os detalhes do PDV ainda serão definidos, mas sinalizou que deve caprichar nos benefícios para conquistar interessados.

"A Embraer entende que o PDV dá a oportunidade de decisão ao funcionário e oferece um pacote atraente de benefícios", informou a companhia, em nota.

Para Claros, os trabalhadores desconfiam que a razão do PDV não é apenas a crise no mercado de aviões, mas os gastos que a empresa terá com a investigação de denúncias de corrupção.

No balanço financeiro do segundo trimestre, a Embraer revelou uma provisão de perdas de US$ 200 milhões por causa do acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que investiga a fabricante sobre supostas violações às leis anticorrupção norte-americanas.

"Não é à toa que o valor da provisão é o mesmo da economia que a Embraer pretende fazer. A crise não é de hoje, todo mundo sabe. Mas ninguém quer arcar com custos de má administração, de corrupção", afirmou o sindicalista de São José. 

Prejuízo no 2º trimestre chegou a R$ 337 mi

Enfrentando crise no mercado de jatos executivos, a Embraer relatou prejuízo de R$ 337,3 milhões no segundo trimestre deste ano, revertendo lucro de R$ 385,7 nos três primeiros meses de 2016.

Com isso, a empresa reviu as projeções para o ano, reduzindo a expectativa de lucro e de entrega de aeronaves. Até o momento, a fabricante descarta demissões.

"Houve um desempenho aquém na aviação executiva", disse José Antonio Filippo, vice-
presidente Executivo, Financeiro e de Relações com Investidores da Embraer.
A projeção de entrega de jatos na aviação executiva sofreu redução de 10 aeronaves, de até 135 para até 125 aviões.

As receitas do setor também devem cair, segundo estimativa da fabricante, de até US$ 1,9 bilhão para até US$ 1,75 bilhão.

Com isso, a Embraer revisou para US$ 6,2 bilhões a previsão máxima de receita líquida no ano, para todos os segmentos. Antes, o valor era de até US$ 6,4 bilhões.

Um comentário:

Anônimo disse...

O que será que isso tem a ver com a saída do Curado?