Uma réplica do avião 14 Bis é visto durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, no estádio do Maracanã |
Um dos grandes momentos da cerimônia de abertura das Olimpíadas na noite da última sexta-feira, foi a aparição de uma réplica do 14 Bis, no centro do Maracanã. Graças a efeitos de computação gráfica, o avião saiu do centro do Maracanã e, ao som de Samba do Avião, de Tom Jobim, passou pelos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro. Ponto alto da cerimônia, a cena reacendeu uma rixa histórica – quem, afinal, inventou o avião, Dumont ou os irmãos Wright? Americanos zombaram do pioneirismo atribuído por brasileiros a Dumont.
Alexander Wolff, jornalista da Sports Illustrated, afirma: “Brasileiros não perdem uma chance de afirmar que Santos Dumont, não os irmãos Wright, foi o primeiro a voar. Lá vão eles de novo”.
Trevor Spangenberg, jogador de futebol, também participou da discussão. “Então o Brasil acha que inventou o avião?? Os irmãos Wright estão olhando para baixo agora mesmo e rindo”.
O primeiro avião
De acordo com os relatos históricos, um dos primeiros a realizar experiências com máquinas “mais pesadas que o ar” não foi nem brasileiro nem americano. Entre 1891 e 1896, o alemão Otto Lilienthal, realizou diversos experimentos bem-sucedidos com planadores. Mas sua carreira acabou rápido em 1896, um de seus protótipos perdeu a sustentação e caiu, matando-o. A imprensa alemã noticiou a “morte de avião”, enquanto em outros lugares do mundo nem sequer existia uma aeronave.
Suas experiências, contudo, serviram de inspiração para dois irmãos que, no início do século XX, construíam bicicletas em Dayton, nos Estados Unidos. Wilbur e Orville Wright foram, pouco a pouco, realizando melhorias nos planadores com o objetivo de criar uma aeronave.
Enquanto isso, na França, em outubro de 1901, o brasileiro Alberto Santos Dumont se tornava uma celebridade mundial. Com seu balão dirigível, o Número 6, conseguiu contornar a Torre Eiffel, mostrando que era possível fazer um aparelho voar por uma rota preestabelecida e controlar sua velocidade. Dois anos depois, os irmãos Wright colocaram um motor em seu aeroplano Flyer e, em 17 de dezembro de 1903, fizeram um voo bem sucedido na praia de Kitty Hawk, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Para sair do chão, o avião era acionado por uma espécie de catapulta – em 1905, a máquina conseguia, dessa forma, voar por até 39 quilômetros.
Contudo, o trabalho dos irmãos era cercado de mistérios – eles não queriam revelar detalhes sobre seus experimentos, pois já planejavam comercializar seus aviões. Rumores das proezas dos americanos correram o mundo e diversas pessoas tentavam reproduzir os feitos. Entre eles, Santos Dumont, que, em 12 de novembro de 1906, conseguiu realizar o primeiro voo público de uma máquina mais pesada que o ar. O 14 Bis percorreu 220 metros sem tocar o chão do campo de Bagatelle, na França, estabelecendo o primeiro recorde oficial da aviação.
Aviadores europeus, como os franceses Louis Blériot e Gabriel Voisin e o anglo-francês Henry Farman foram aperfeiçoando os protótipos e obtendo avanços promissores. O primeiro avião começava a surgir. Em 1908, Wilbur Wright, para reafirmar sua posição de pioneiro, decide ir para a Europa e fazer uma demonstração pública de seu avião. A aeronave Flyer faz uma viagem de 120 quilômetros em 2 horas (velocidade nunca vista antes em meios de transporte que não fossem trens), fazendo voos com muita autonomia, descrevendo oitos nos céus que arrancam gritos de incredulidade do público.
A rivalidade entre os pioneiros daquela época seguiu por anos enquanto melhorias nos protótipos culminaram na aviação moderna. Em 1909, Santos Dumont fazia voos com sua Demoiselle, um primitivo ultraleve, enquanto Blériot faria a travessia do Canal da Mancha de avião, no mesmo ano. Em 1910, os Wright incorporam as melhorias europeias em seu Flyer Model B, que se tornou o primeiro avião dos irmãos a ser fabricado e vendido em larga escala.
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