O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de inteligência do Ministério da Fazenda, remeteu ao menos três relatórios diferentes indicando movimentação atípica da empresa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a L.I.LS, para investigações diversas do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.
Nos últimos dias, foram encaminhados relatórios não só para a Procuradoria da República no Paraná, base da força-tarefa que conduz a Operação Lava Jato, mas também para investigadores no Rio de Janeiro e no Distrito Federal.
Em ao menos duas situações, os analistas se depararam com a L.I.L.S, que leva as iniciais do ex-presidente, ao analisarem a movimentação de outras empresas que são suspeitas de irregularidades.
No fim de semana, a revista Veja revelou a existência de um relatório do Coaf que apontou movimentação de R$ 27 milhões da empresa de Lula entre abril de 2011 e maio de 2015. Desse total, R$ 10 milhões tinham como depositantes empresas investigadas na Operação Lava Jato.
A L.I.L.S. é a empresa que o ex-presidente usa para receber recursos de palestras, uma das atividades às quais se dedicou após deixar o Palácio do Planalto.
Em junho, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato no Paraná, afirmou em despacho que o ex-presidente não estava sendo investigado, mas, conforme investigadores ouvidos pela reportagem, isso não significa que movimentações de sua empresa não tenham sido alvo de apurações.
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo na semana passada, a PF gravou conversa do executivo da Odebrecht Alexandrino de Salles Ramos Alencar com Lula, em 15 de junho, quatro dias antes de o empresário ser preso na Lava Jato. O alvo da interceptação era uma linha usada por Salles.
No diálogo, segundo relatório da PF, o ex-presidente se diz preocupado com “assuntos BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)”. A instituição é alvo de uma CPI que visa investigar a política de financiamentos a grandes empresas nos governos petistas.
O Coaf não se pronunciou sobre o relatório divulgado pela Veja. “O COAF não comenta casos específicos”, se limitou a responder. O Instituto Lula afirma que todas as palestras e atividades do ex-presidente "foram legais com os impostos devidamente recolhidos".
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