SRZD
Adriano Sabbadin teve seu pai assassinado em 1979 pelo ex-ativista Cesare Battisti, e agora quer justiça e que o italiano seja mandado de volta para o país. A extradição foi negada pelo ex-presidente Lula no seu último dia de governo. Agora, Adriano escreveu uma carta que ele tentará chegar à presidente Dilma, por meio do Consulado italiano.
Leia abaixo a carta, traduzida pelo SRZD:
"Me chamo Adriano Sabbadin, moro em Santa Maria di Sala, perto de Veneza, e escrevo a todos os brasileiros, porque me senti verdadeiramente, profundamente ferido da decisão do Lula de não extraditar Cesare Battisti. Trinta anos atrás, Battisti matou o meu pai. Não quero vingança, mas espero justiça e não a tive.
Battisti foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios: meu pai, Lino Sabbadin, o joalheiro Torregiani, o diretor da guarda penitenciária de Udine, Antonio Santoro, e o policial milanês Andrea Campagna, por três ferimentos e por numerosos roubos e pequenos delitos. O Tribunal não aceitou de conceder a Battisti diminuições na pena porque se lê na sentença 'estava presente na quadrilha armada do início ao fim, colocou à disposição dos companheiros políticos a sua experiência adquirida com pessoas que não respeitam as leis, sempre foi conhecido pela sua determinação em matar, não exitou uma vez em assassinar'.
Depois de só um ano preso, fugiu e se refugiou primeiro em Puerto Escondido, depois na França e agora no Brasil, onde pode se tornar livre. Ninguém jamais poderá tirar da minha cabeça aquela tarde de 16 de fevereiro de 1979. Meu pai, ajudado da minha mãe, estava servindo alguns clientes do nosso açougue.
Eu estava ao telefone atrás do balcão e do nada escutei alguns disparos de pistola no ouvido. Fugi para o segundo andar, onde tinha a nossa casa. Pouco tempo depois, longos instantes, vi alguns homens se distanciando correndo em um carro. Quando entrei no açougue, vi a minha mãe, com o avental branco todo vermelho de sangue e o meu pai estava no chão, em uma poça de sangue.
Fechada as portas do açougue, pouco depois da chegada da ambulância, mas não tinha mais nada para fazer. Consta no relatório da perícia que o meu pai foi atingido por disparos depois que já era morto. Dispararam sem piedade. A minha vida foi completamente virada do avesso, aos 17 anos passei a ter uma responsabilidade enorme, e o pior, o vazio deixado pelo o meu pai. Mas, não tem paz sem justiça e a minha família não teve justiça.
O que me interessa hoje não é tanto que Cesare Battisti fique na cadeia para sempre, mas gostaria de ver Battisti arrependido. E isto, infelizmente, estamos longe. Por isso, é justo que ele cumpra a sua pena, mesmo depois de 30 anos dos crimes."
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