domingo, 30 de janeiro de 2011

Kassab, ex-joão-ninguém na política, está prestes a trair eleitores e aliados por pura ambição pessoal

Gilberto Kassab, negocia sua quase certa passagem do DEM para o PMDB, e também – como demonstraram os cochichos e sorrisinhos com Lula e Dilma na recente homenagem prestada ao vice-presidente José Alencar –, de um partido de oposição para a chamada “base de sustentação” do governo.

Kassab, embora deputado federal bem votado, era um joão-ninguém no cenário político brasileiro até que, única e exclusivamente pela aliança que há 16 anos perdura em São Paulo entre o PSDB e o DEM, foi transformado em candidato a vice na chapa do então candidato tucano a prefeito José Serra, em 2004.

Serra precisou aplacar arestas internas no PSDB para emplacar Kassab, que tinha um pé no malufismo. No fim, derrotou folgadamente a prefeita petista Marta Suplicy, que tentava a reeleição, por 3,3 milhões de votos contra 2,7 milhões – 600 mil votos mais. E Kassab foi junto.

Quanto Serra renunciou à Prefeitura, em março de 2006, a fim de disputar e vencer as eleições para o governo do Estado, Kassab assumiu a prefeitura da maior cidade brasileira. Nas eleições de 2008, com total apoio do governador, acabou sendo eleito, uma vez mais contra a ex-prefeita Marta Suplicy, com vantagem ainda maior do que a obtida por Serra quatro anos antes – 3,8 milhões contra 2,4 milhões.

Nos 9 meses em que assumiu como vice, o prefeito teve forte apoio administrativo do governador tucano Geraldo Alckmin. Depois, durante o mandato que ele próprio adquiriu nas urnas, governou em parceria com Serra, cuja administração colaborou ou mesmo assumiu grandes obras no âmbito da Prefeitura, como a reforma das Marginais dos rios Tietê e Pinheiros. O vice-governador Alberto Goldman, que sucedeu Serra para que o governador concorresse à Presidência no ano passado, manteve o mesmo diapasão.

Agora, Kassab resolveu ir embora e deixar para trás seu partido, o DEM, e o aliado PSDB.

Por qual razão seria?

Foi atraído pela “ideologia” do PMDB?

O maciço apoio do DEM, do PSDB, do PPS, do PTB e de outros partidos aliados não permitem que ele faça uma boa gestão?

A transferência acarretará algum benefício para a população de São Paulo?

Nada disso.

Kassab planeja essa transferência imoral, traindo seus eleitores e seus aliados, por pura ambição política. Quer mandar no PMDB paulista, que é magro no plano federal mas abriga uma grande rede de prefeitos no interior. Quer ocupar o vácuo deixado pela morte do ex-governador Orestes Quércia. Está de olho em uma candidatura ao governo estadual em 2014, quando certamente tentará tomar o Palácio dos Bandeirantes da aliança PSDB-DEM, que sempre o sustentou.

Kassab não está, como disse certa vez o falecido Brizola de Lula, pisando no pescoço da mãe para satisfazer suas ambições. Mas quase. E única e exclusivamente por ambição pessoal.
 
Por Ricardo Setti

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