quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Aqui e nos Estados Unidos, a disputa pela bandeira e o patriotismo



Em 2023, uma pesquisa Gallup descobriu que, embora 60% dos republicanos expressassem extremo orgulho de ser americano, apenas 29% dos democratas o faziam.

Uma pesquisa de abril último, da Ipsos, atestou que 92% dos republicanos tinham uma opinião favorável sobre a bandeira americana, contra 77% dos democratas.

Os sentimentos dos americanos sobre seu país flutuam com base no partido que ocupa a Casa Branca. Ele é maior entre os democratas se o presidente da ocasião for democrata.

Se o presidente for republicano, o amor pelo país cai entre os democratas e aumenta entre os republicanos. Na prática, o regime americano é bipartidário, ao contrário do nosso.

Quando Barack Obama governou os Estados Unidos, 56% dos democratas se diziam orgulhosos do seu país. O percentual caiu para 22% em 2019 quando era Donald Trump que governava.

A mesma pesquisa conferiu que nos quatro anos de presidência de Trump, o orgulho pelos Estados Unidos aumentou entre os republicanos de 68% para 76%. Não há sinais de que diminuiu.

O patriotismo está em alta na Convenção Nacional do Partido Democrata que consagrou, ontem, Kamala Harris como candidata à sucessão do frágil e envelhecido presidente Joe Biden.

Como observou o jornal Washington Post ao final do segundo dia da convenção, os homens usavam ternos adornados com estrelas e listras, e as mulheres vestidos com padrões da bandeira e águias.

Enquanto dos seus assentos as pessoas gritavam “USA” e acenavam com cartazes com as cores da bandeira, o músico country Mickey Guyton cantava:

“Temos as mesmas estrelas, as mesmas listras. Só queremos viver essa vida boa. Não somos todos, não somos todos americanos?”

O debate sobre qual partido político é mais patriótico remonta a décadas. Os republicanos reivindicam a bandeira americana como sua e argumentam que ela representa a América conservadora.

Enquanto os delegados se dirigiam ao andar da convenção no United Center, Ted Jones e Lora de la Portilla, de Washington, portavam chapéus de cowboy com os dizeres “Cowboy Harris”.

Disse Jones sobre os republicanos:

“Estamos retomando o rural, o interior. Eles não podem reivindicá-lo. Se um caminhão passa com uma bandeira americana, temos que parar de dizer: ‘Lá vai um Trumper.’”

Umi Grigsby, uma democrata de Illinois, imigrante da Libéria que se tornou cidadã americana 2017, comentou:

“É interessante como há um partido que parece sentir que é dono do patriotismo e outro que diz: ‘Vocês podem vir aqui e todos nós podemos ter sucesso e isso é para todos nós’”.

O Partido Democrata está apresentando uma mensagem de que não há “nada mais americano do que a liberdade”, declara o porta-voz do Comitê Nacional Democrata, Abhi Rahman.

Segundo ele, “não há razão para termos medo de usar esses símbolos, porque eles são nossos símbolos e não há ninguém mais orgulhoso de ser americano do que nós”.

Aqui, os bolsonaristas se apoderaram do verde e do amarelo e não os largaram durante a campanha de 2018, o desgoverno de 2019 até o final de 2022, e o pós tentativa de golpe do 8 de janeiro.

Na campanha presidencial de Lula, o PT ensaiou resgatar as cores, mas desistiu. Acabou predominando o vermelho, com o branco aparecendo aqui e acolá, mas sem conseguir se impor.

Bastou uma tarde de junho último para que o povo LGBTQIA+ desse conta da tarefa. E apenas com alegria, beijos mil pelo Brasil e amor até pelos bolsonaristas enrustidos. Por que não?

Eles também são filhos de Deus e merecem ser felizes.

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