quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Feliz ano novo


O TEMPO E AS JABUTICABAS


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.

Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas.

As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.

Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo.

Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de ‘confrontação’, onde ‘tiramos fatos a limpo’.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: ‘as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.

O essencial faz a vida valer a pena.
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Rubem Alves

3 comentários:

André Silvestre disse...

Ó querida Caçapava, Caçapava do nosso coração, até quando tu irá suportar a incompetência daqueles se propuseram a cuidar de ti? quanto tempo ainda resta o teu sofrimento? Sou do tempo que quando criança tomava choque nas poças d'água no pé dos postes de ferro, pescava nas enchentes dos pontilhões de madeira que tinha antes da ponte do rio paraíba. Agora vejo você Caçapava nas mãos de pessoas que só querem para sí próprio. Não temos mais liberdade de andar nas ruas ou assistir a um desfile, pois somos privados da nossa liberdade e temos a sensação de estarmos sendo vigiados. Mais não se preocupe querida Caçapava, pois Hitler impôs muito medo ao mundo em sua época porem hoje não gostaria de ter certeza de onde ele está. À aqueles que amam Caçapava só peço uma coisa vamos continuar lutando por ela. Feliz Ano Novo.

Maria Benedicta disse...

A muito que temos que cuidar da nossa cidade. Como largamos mão disso. Passamos da idade? Não! Enquanto tivermos folego podemos fazer o melhor. Vamos mudar, chega de tatos ignorantes, vigaristas e interesseiros. Caçapava é nossa e está na hora de cuidarmos dela.

Guasca Magdolem disse...

Clovâo Feliz Ano Novo, e não deixe a peteca cair.