*Editorial do Estadão publicado na página 3 da edição de 08/01/2000 (copiei do Acervo do Estadão):*
Dejetos da Democracia
Há quem diga, com o maior sarcasmo, que o deputado federal e capitão da reserva Jair Bolsonaro presta um relevante serviço à Democracia, porque faz lembrar os piores tempos em que os militares estavam no poder – exercendo, sob este aspecto, um papel didático para as novas gerações.
Sarcasmos à parte, os militares brasileiros não merecem essa desmoralizante “representação” congressual. Até porque esse irresponsável congressista, de fato, não representa ninguém, a não ser, talvez, alguns adeptos de um folclórico e anacrônico radicalismo de direita. É claro, que ele, jamais poderá falar pelos militares, o que não o impede confundir os desavisados e dar a impressão de que exerce, no Parlamento esse tipo de representação.
Ao apregoar, pela segunda vez (na primeira referiu-se ao que os militares “deveriam ter feito” com Fernando Henrique Cardoso) nada menos do que o fuzilamento do presidente da República, o sr. Bolsonaro apenas se mostrou coerente, em relação ao fulcro de sua carreira política, que, de forma inacreditável, o faz exercer o segundo mandato no Parlamento federal.
Talvez muitos não se recordem de que esse cidadão se tornou publicamente conhecido quando divulgou seu plano de explodir o sistema de abastecimento de água do Rio de Janeiro, em protesto contra a falta de reajuste nos ganhos de seus colegas militares.
Se a proposta de fuzilamento do presidente da República não é um caso de absoluta falta de decoro parlamentar, é difícil imaginar o que o seja. Disse bem o líder do PT na Câmara, deputado José Genoíno: “Direito de opinião não pode ser usado para pregar assassinato.”
Neste sentido é mais do que oportuna uma punição drástica para quem não só ultrapassa, reiteradamente, os limites do decoro parlamentar, como revela personalidade – seja ou não psicopática – de toda incompatível com a representação legislativa, a ponto de já ter defendido sem nenhuma sutileza, o fechamento puro e simples do Congresso. Vale dizer, Bolsonaro é um parlamentar que tem se valido das liberdades democráticas para tentar eliminá-las.
(Em destaque, em quadro entre parágrafos: O deputado Jair Bolsonaro usa a democracia que quer destruir)
Agora, se a punição decidida for a mera suspensão do mandato do sr. Bolsonaro, mesmo que por longo período, a Câmara dos Deputados estará fazendo, exatamente, o que mais deseja esse elemento, que busca consolidar sua imagem de “herói” e “vítima” incompreendida, defensor destemido dos valores da caserna.
É evidente que os militares deveriam ser os maiores interessados na cassação de quem, até agora, só desmoralizou suas reivindicações. Mas é o Legislativo federal que deve cuidar da própria imagem, que depende do comportamento de seus membros.
Então, a única solução é cassar logo o mandato desse deputado por manifesta e notória quebra de decoro, afastando-o da vida política para a qual não está preparado.
Ao contrário dos regimes autoritários, as democracias se caracterizam pela plena liberdade de expressão e heterogeneidade, praticamente sem limites, da representação parlamentar. Essa liberdade e essa heterogeneidade fazem com que, muitas vezes, se tenha de tolerar, em nome da Democracia, atitudes abusivas, se não absurdas.
Não se considere, porém, que a Casa Legislativa de uma democracia deva ser tolerante, obrigada a dar abrigo, a quem apregoa a extrema intolerância. Figuras dessa espécie, que envergonham a instituição parlamentar, em qualquer lugar do mundo, dela tem que ser expelidas num processo natural de limpeza, pois a Democracia também tem que saber administrar, com tranquilidade, o escoamento de seus dejetos.
Ninguém precisava da PF para saber que Bolsonaro é golpista. Mas as investigações são úteis porque o despem de vez dos trapos retóricos com os quais ele tentou se travestir de democrata.
O relatório final da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado que teria sido urdida no seio do governo de Jair Bolsonaro para aferrá-lo ao poder decerto não surpreendeu quem acompanhou minimamente a vida pública do ex-presidente. Desde quando saiu do Exército em desonra, passando por uma frívola carreira parlamentar – que, se prestou para alguma coisa, foi para enriquecê-lo, além de sua família – até chegar à Presidência da República, Bolsonaro jamais traiu seu espírito golpista. De mau militar e mau deputado a mau presidente, foram quase 40 anos de exploração da insurreição e da infâmia como ativos políticos.
Este jornal, seguramente, não está surpreso com o que veio a público após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantar o sigilo sobre o referido relatório. Afinal, faz quase 25 anos que já sublinhávamos nesta página o vezo parasitário de Bolsonaro no Brasil pós-redemocratização, chamando-o pelo que é: um desqualificado que se serve das mesmas liberdades democráticas que sempre quis obliterar (ver o editorial Dejetos da democracia, 8/1/2000).
A rigor, ninguém precisava de um relatório policial de mais de 800 páginas para saber que Bolsonaro é um golpista inveterado. Quem já votou nele ao longo da vida pode alegar tudo, menos desconhecimento de sua índole destrutiva. Mas, para quem quiser, aí está o portentoso material reunido pela PF a encadear fatos e personagens com notável robustez, além de desnudar o espírito insurreto que jamais deixou de guiar o ex-presidente ao longo de sua trajetória.
Segundo a PF, Bolsonaro “planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva” das tramoias para impedir a posse do presidente Lula da Silva, o que teria incluído até um suposto plano para assassiná-lo, entre outras autoridades. E não só entre novembro e dezembro de 2022, mas durante todo o mandato – que, recorde-se, começou com a disseminação de mentiras sobre a suposta “fragilidade” das urnas eletrônicas. Ainda de acordo com a PF, essa desabrida campanha de desqualificação do sistema eleitoral já era parte do plano golpista de Bolsonaro para se insurgir contra um resultado nas urnas que não fosse a sua reeleição, contando que a desconfiança que semeou entre milhões de brasileiros poderia lhe ser útil no futuro.
É fundamental frisar que ainda se está em fase de inquérito policial. De modo que o contraditório e a ampla defesa só estarão plenamente garantidos aos 37 indiciados, como é próprio do Estado Democrático de Direito, mais à frente, vale dizer, se e quando a Procuradoria-Geral da República (i) oferecer denúncia contra eles, (ii) as acusações forem aceitas pelo STF e (iii) o caso, então, entrar na fase judicial propriamente dita. Entretanto, as eventuais provas que poderão ser apresentadas à Justiça pelo parquet, obviamente, serão decisivas apenas, por assim dizer, para o destino penal de Bolsonaro. Já sobre seu golpismo não há prova mais cabal de que se trata de um inimigo figadal da democracia do que seu próprio passado.
Nesse sentido, é estarrecedor ainda haver no seio de uma sociedade que se pretende livre e democrática quem admita a presença de alguém como Bolsonaro na vida política. Ou pior, que enxergue como “democrata”, “patriota”, “vítima do sistema” ou baboseira que o valha um sujeito de quinta categoria que já defendeu o fechamento do Congresso, lamentou o “baixo número” de concidadãos torturados e mortos nos porões da ditadura militar, pregou o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso e trata adversários políticos como inimigos a serem eliminados, inclusive fisicamente. Ademais, Bolsonaro jamais desestimulou as manifestações de teor golpista realizadas em seu nome, como os acampamentos na frente de quartéis País afora. Tudo indica que não o fez para falsear um “clamor popular” pelo golpe e, assim, pressionar as Forças Armadas a apoiá-lo na intentona – o que, para o bem do Brasil, não ocorreu.
A Justiça, primeiro, e a História, depois, hão de ser implacáveis com Bolsonaro e todos os que flertaram com a destruição da democracia no Brasil.
É desalentador descobrir, no dia seguinte à posse do eleito, que foi um grande erro colocar no governo alguém incapaz ou imoral — alguém que alimentará a corrupção e abalará as instituições. Quando isso ocorre, o peso da vergonha sobre a nação ativa, quase instantaneamente, um mecanismo de autopreservação: o sentimento de vergonha se dissolve, e nada se aprende com o erro.
Quatro anos depois, a história se repete. Um novo substituto incapaz ou imoral é eleito, indicado e empossado. O alívio geral vem, ironicamente, quando a mídia descobre e, desta vez, divulga uma irrelevância: o recém-empossado detesta buchada de bode e adora picanha bem mal passada!
Bolsonaristas e Lulopetistas, em comum têm a fidelidade e a teimosia?
SEGUIDORES FIÉIS E TEIMOSOS
Seguem o líder, mesmo quando o chão treme. Exaltam memórias, ignorando os erros presentes; Gritam palavras de ordem, em uníssono, sem questionar. Um fervor que cega, enquanto a razão silencia. Imune ao debate, o senso crítico se dissolve; Dogmas assumem o lugar do diálogo necessário, Olhando para trás, como se o futuro não existisse. Renunciam o novo, agarrando-se ao velho discurso, Espalhando certezas, quando duvidar seria mais sábio; Sustentam um ciclo que nada transforma.
Fortalecem o líder com sua devoção inabalável; Idealizam um passado que nunca foi perfeito. É no eco de suas vozes que a teimosia se mantém; Indiferentes ao custo da inação, defendem o indefensável. Sobram paixões, mas faltam ideias para renovar.
E assim, perpetuam o erro, sufocando a mudança.
Toleram fracassos que outros nunca perdoariam; Erram ao pensar que lealdade é nunca discordar. Insistem em fórmulas que já não funcionam, Movidos mais pela emoção que pela razão; Olhando com desdém para quem ousa criticar. Seguem firmes, mas não percebem a estagnação. Onde poderiam ser força de progresso, tornam-se barreira, Sustentando um líder, mas enfraquecendo a nação.
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*Editorial do Estadão publicado na página 3 da edição de 08/01/2000 (copiei do Acervo do Estadão):*
Dejetos da Democracia
Há quem diga, com o maior sarcasmo, que o deputado federal e capitão da reserva Jair Bolsonaro presta um relevante serviço à Democracia, porque faz lembrar os piores tempos em que os militares estavam no poder – exercendo, sob este aspecto, um papel didático para as novas gerações.
Sarcasmos à parte, os militares brasileiros não merecem essa desmoralizante “representação” congressual. Até porque esse irresponsável congressista, de fato, não representa ninguém, a não ser, talvez, alguns adeptos de um folclórico e anacrônico radicalismo de direita. É claro, que ele, jamais poderá falar pelos militares, o que não o impede confundir os desavisados e dar a impressão de que exerce, no Parlamento esse tipo de representação.
Ao apregoar, pela segunda vez (na primeira referiu-se ao que os militares “deveriam ter feito” com Fernando Henrique Cardoso) nada menos do que o fuzilamento do presidente da República, o sr. Bolsonaro apenas se mostrou coerente, em relação ao fulcro de sua carreira política, que, de forma inacreditável, o faz exercer o segundo mandato no Parlamento federal.
Talvez muitos não se recordem de que esse cidadão se tornou publicamente conhecido quando divulgou seu plano de explodir o sistema de abastecimento de água do Rio de Janeiro, em protesto contra a falta de reajuste nos ganhos de seus colegas militares.
Se a proposta de fuzilamento do presidente da República não é um caso de absoluta falta de decoro parlamentar, é difícil imaginar o que o seja. Disse bem o líder do PT na Câmara, deputado José Genoíno: “Direito de opinião não pode ser usado para pregar assassinato.”
Neste sentido é mais do que oportuna uma punição drástica para quem não só ultrapassa, reiteradamente, os limites do decoro parlamentar, como revela personalidade – seja ou não psicopática – de toda incompatível com a representação legislativa, a ponto de já ter defendido sem nenhuma sutileza, o fechamento puro e simples do Congresso. Vale dizer, Bolsonaro é um parlamentar que tem se valido das liberdades democráticas para tentar eliminá-las.
(Em destaque, em quadro entre parágrafos: O deputado Jair Bolsonaro usa a democracia que quer destruir)
Agora, se a punição decidida for a mera suspensão do mandato do sr. Bolsonaro, mesmo que por longo período, a Câmara dos Deputados estará fazendo, exatamente, o que mais deseja esse elemento, que busca consolidar sua imagem de “herói” e “vítima” incompreendida, defensor destemido dos valores da caserna.
É evidente que os militares deveriam ser os maiores interessados na cassação de quem, até agora, só desmoralizou suas reivindicações. Mas é o Legislativo federal que deve cuidar da própria imagem, que depende do comportamento de seus membros.
Então, a única solução é cassar logo o mandato desse deputado por manifesta e notória quebra de decoro, afastando-o da vida política para a qual não está preparado.
Ao contrário dos regimes autoritários, as democracias se caracterizam pela plena liberdade de expressão e heterogeneidade, praticamente sem limites, da representação parlamentar. Essa liberdade e essa heterogeneidade fazem com que, muitas vezes, se tenha de tolerar, em nome da Democracia, atitudes abusivas, se não absurdas.
Não se considere, porém, que a Casa Legislativa de uma democracia deva ser tolerante, obrigada a dar abrigo, a quem apregoa a extrema intolerância. Figuras dessa espécie, que envergonham a instituição parlamentar, em qualquer lugar do mundo, dela tem que ser expelidas num processo natural de limpeza, pois a Democracia também tem que saber administrar, com tranquilidade, o escoamento de seus dejetos.
Editorial do Estadão publicado em 28/11/2024:
Bolsonaro nu
Ninguém precisava da PF para saber que Bolsonaro é golpista. Mas as investigações são úteis porque o despem de vez dos trapos retóricos com os quais ele tentou se travestir de democrata.
O relatório final da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado que teria sido urdida no seio do governo de Jair Bolsonaro para aferrá-lo ao poder decerto não surpreendeu quem acompanhou minimamente a vida pública do ex-presidente. Desde quando saiu do Exército em desonra, passando por uma frívola carreira parlamentar – que, se prestou para alguma coisa, foi para enriquecê-lo, além de sua família – até chegar à Presidência da República, Bolsonaro jamais traiu seu espírito golpista. De mau militar e mau deputado a mau presidente, foram quase 40 anos de exploração da insurreição e da infâmia como ativos políticos.
Este jornal, seguramente, não está surpreso com o que veio a público após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantar o sigilo sobre o referido relatório. Afinal, faz quase 25 anos que já sublinhávamos nesta página o vezo parasitário de Bolsonaro no Brasil pós-redemocratização, chamando-o pelo que é: um desqualificado que se serve das mesmas liberdades democráticas que sempre quis obliterar (ver o editorial Dejetos da democracia, 8/1/2000).
A rigor, ninguém precisava de um relatório policial de mais de 800 páginas para saber que Bolsonaro é um golpista inveterado. Quem já votou nele ao longo da vida pode alegar tudo, menos desconhecimento de sua índole destrutiva. Mas, para quem quiser, aí está o portentoso material reunido pela PF a encadear fatos e personagens com notável robustez, além de desnudar o espírito insurreto que jamais deixou de guiar o ex-presidente ao longo de sua trajetória.
(continua)
(continuação)
Segundo a PF, Bolsonaro “planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva” das tramoias para impedir a posse do presidente Lula da Silva, o que teria incluído até um suposto plano para assassiná-lo, entre outras autoridades. E não só entre novembro e dezembro de 2022, mas durante todo o mandato – que, recorde-se, começou com a disseminação de mentiras sobre a suposta “fragilidade” das urnas eletrônicas. Ainda de acordo com a PF, essa desabrida campanha de desqualificação do sistema eleitoral já era parte do plano golpista de Bolsonaro para se insurgir contra um resultado nas urnas que não fosse a sua reeleição, contando que a desconfiança que semeou entre milhões de brasileiros poderia lhe ser útil no futuro.
É fundamental frisar que ainda se está em fase de inquérito policial. De modo que o contraditório e a ampla defesa só estarão plenamente garantidos aos 37 indiciados, como é próprio do Estado Democrático de Direito, mais à frente, vale dizer, se e quando a Procuradoria-Geral da República (i) oferecer denúncia contra eles, (ii) as acusações forem aceitas pelo STF e (iii) o caso, então, entrar na fase judicial propriamente dita. Entretanto, as eventuais provas que poderão ser apresentadas à Justiça pelo parquet, obviamente, serão decisivas apenas, por assim dizer, para o destino penal de Bolsonaro. Já sobre seu golpismo não há prova mais cabal de que se trata de um inimigo figadal da democracia do que seu próprio passado.
Nesse sentido, é estarrecedor ainda haver no seio de uma sociedade que se pretende livre e democrática quem admita a presença de alguém como Bolsonaro na vida política. Ou pior, que enxergue como “democrata”, “patriota”, “vítima do sistema” ou baboseira que o valha um sujeito de quinta categoria que já defendeu o fechamento do Congresso, lamentou o “baixo número” de concidadãos torturados e mortos nos porões da ditadura militar, pregou o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso e trata adversários políticos como inimigos a serem eliminados, inclusive fisicamente. Ademais, Bolsonaro jamais desestimulou as manifestações de teor golpista realizadas em seu nome, como os acampamentos na frente de quartéis País afora. Tudo indica que não o fez para falsear um “clamor popular” pelo golpe e, assim, pressionar as Forças Armadas a apoiá-lo na intentona – o que, para o bem do Brasil, não ocorreu.
A Justiça, primeiro, e a História, depois, hão de ser implacáveis com Bolsonaro e todos os que flertaram com a destruição da democracia no Brasil.
É desalentador descobrir, no dia seguinte à posse do eleito, que foi um grande erro colocar no governo alguém incapaz ou imoral — alguém que alimentará a corrupção e abalará as instituições. Quando isso ocorre, o peso da vergonha sobre a nação ativa, quase instantaneamente, um mecanismo de autopreservação: o sentimento de vergonha se dissolve, e nada se aprende com o erro.
Quatro anos depois, a história se repete. Um novo substituto incapaz ou imoral é eleito, indicado e empossado. O alívio geral vem, ironicamente, quando a mídia descobre e, desta vez, divulga uma irrelevância: o recém-empossado detesta buchada de bode e adora picanha bem mal passada!
Bolsonaristas e Lulopetistas, em comum têm a fidelidade e a teimosia?
SEGUIDORES FIÉIS E TEIMOSOS
Seguem o líder, mesmo quando o chão treme.
Exaltam memórias, ignorando os erros presentes;
Gritam palavras de ordem, em uníssono, sem questionar.
Um fervor que cega, enquanto a razão silencia.
Imune ao debate, o senso crítico se dissolve;
Dogmas assumem o lugar do diálogo necessário,
Olhando para trás, como se o futuro não existisse.
Renunciam o novo, agarrando-se ao velho discurso,
Espalhando certezas, quando duvidar seria mais sábio;
Sustentam um ciclo que nada transforma.
Fortalecem o líder com sua devoção inabalável;
Idealizam um passado que nunca foi perfeito.
É no eco de suas vozes que a teimosia se mantém;
Indiferentes ao custo da inação, defendem o indefensável.
Sobram paixões, mas faltam ideias para renovar.
E assim, perpetuam o erro, sufocando a mudança.
Toleram fracassos que outros nunca perdoariam;
Erram ao pensar que lealdade é nunca discordar.
Insistem em fórmulas que já não funcionam,
Movidos mais pela emoção que pela razão;
Olhando com desdém para quem ousa criticar.
Seguem firmes, mas não percebem a estagnação.
Onde poderiam ser força de progresso, tornam-se barreira,
Sustentando um líder, mas enfraquecendo a nação.
AHT
25/11/2024
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