Que o digam os atuais gestores da coisa pública. Nunca houve suficiência capaz de absorver os imprevistos, os aditivos, as urgências advindas de vicissitudes normais. Há cansaço de material, há paredes que caem, telhados que fraquejam. Equipamentos que já deram tudo de si. E o Erário tem de ter verba disponível para atender às emergências.
Mas, para isto, contava-se com o excesso de arrecadação. Afinal, a sexta economia mundial, aquela que conseguira num curto espaço de tempo eliminar a miséria, acabar com a dívida externa, descobrir o pré-sal, podia se dar ao luxo de esbanjar. Só que a conta chegou. Neste 2015, a face desesperada do improviso, do destempero, do despreparo, incompetência e outros caracteres da hegemonia, mostrou suas cores tétricas.
Onde buscar recursos, se a iniciativa privada é tolhida por rede burocrática só menor do que a prepotência dos agentes de autoridade? Já não existe mais o que criticar. Todos à espera de uma definição, de um rumo, de uma meta. Sem isso, o capital disponível e que tem interesse no Brasil não virá. Todos sabem o que deve ser feito. Por que não se faz? Os otimistas dizem que já enfrentamos crises semelhantes e delas saímos.
Alguém muito erudito e respeitado disse um desses dias: “Estamos melhor do que na década de sessenta/setenta. Naquele tempo, chamávamos um militar. Agora chamamos um juiz!”. Com isso, quis dizer que as instituições funcionam e que não há clima para golpe antidemocrático. Mas os pessimistas dizem que esta crise é pior. A oposição não se une. Parece ratificar o que se afirma que Getúlio Vargas teria dito uma vez:
“O Parlamento tem idiotas. Mas a população também conta com idiotas e precisa ser representada”. Só que ele não poupou também o Executivo. É célebre o seu asserto: “Um Ministério tem muitos incapazes e outros capazes de tudo”.
Por isso é que o povo tem de se conscientizar de que o governo é ferramenta, é instrumento, não é nem pode ser finalidade. Se a população se transformar em cidadania, ela saberá cobrar daqueles que atuam em seu nome, decência, hombridade, trabalho e devotamento à causa pública. Todavia, se assim não for, o que podemos esperar desta República tão combalida?
Por José Renato Nalini
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