Foto apreendida na casa de José Carlos Bumlai mostra o pecuarista ao lado de Lula(Polícia Federal/Divulgação) |
O Ministério Público Federal apresentou nesta segunda-feira denúncia contra o pecuarista José Carlos Bumlai pelos crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, corrupção ativa e passiva. Também foram denunciados pela força-tarefa da Lava Jato o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa, os ex-diretores da área internacional da petroleira Jorge Zelada e Nestor Cerveró, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o lobista Fernando Baiano, o filho e a nora de Bumlai e os executivos do Grupo Schahin Salim, Milton e Fernando Schahin.
Indiciado na sexta-feira por corrupção passiva e gestão fraudulenta, Bumlai deve depor na tarde desta segunda-feira na Polícia Federal, em Curitiba. Ele foi preso na 21ª fase da Operação Lava Jato e dará esclarecimentos aos investigadores sobre sua participação no escândalo do petrolão. O pecuarista foi citado na Lava Jato pelo lobista Fernando Baiano, apontado pelo Ministério Público como o operador do PMDB que intermediava o pagamento de propinas a agentes públicos ligados à Petrobras. Em depoimento de delação premiada, Baiano disse ter repassado 2 milhões de reais a uma nora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a pedido de Bumlai.
Segundo os investigadores, existem indícios suficientes de que o empresário agiu em conluio com o Grupo Schahin para embolsar dinheiro por meio de um empréstimo bancário fictício e repassar parte dos valores para o Partido dos Trabalhadores (PT). Bumlai é suspeito de ter atuado diretamente em um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin pela Petrobras para operação do navio sonda Vitoria 10000. A transação só ocorreu após o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras, ao próprio pecuarista e ao PT.
A exemplo do escândalo do mensalão, o pagamento de dinheiro sujo foi camuflado a partir da simulação de um empréstimo no valor de 12,17 milhões de reais. No mensalão, dos 32 milhões de reais repassados de forma fraudulenta pelo Banco Rural ao esquema do publicitário Marcos Valério entre 2003 e 2004, 3 milhões de reais foram destinados diretamente ao PT - num empréstimo fictício que tinha Marcos Valério, Delúbio Soares e José Genoino como avalistas e foi renovado dez vezes.
No caso do propinoduto envolvendo a Petrobras, o repasse de dinheiro sujo por meio do pecuarista, apontado como um operador VIP do petrolão, foi camuflado por meio de um empréstimo do Banco Schahin, com a contratação indevida da Schahin pela Petrobras para operar o navio sonda Vitoria 10.000 e na simulação do pagamento do empréstimo com a entrega possivelmente inexistente de embriões de gado. A transação, diz a PF, contou com a cumplicidade do ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró e do ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa.
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