terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O filho e a nora


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fala durante reunião da Direção Nacional do PT, em Brasília (DF) - 29/10/2015

Em setembro, quando negociava com a Justiça um acordo de delação premiada, o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, listou ao Ministério Público os segredos que pretendia revelar em troca de uma redução de pena. Apontado pela Polícia Federal como um dos grandes operadores do esquema de corrupção na Petrobras, o lobista prometeu, entre outras coisas, contar detalhes de como o ex-presidente Lula participou e se beneficiou dos desvios de dinheiro na estatal. No capítulo 11 de suas revelações, o lobista disse que, em 2012, ele e o pecuarista José Carlos Bumlai estavam negociando a aprovação de um projeto junto à empresa Sete Brasil, uma fornecedora da Petrobras criada para construir navios-sonda. Na ocasião, Bumlai, um amigo íntimo do ex-presidente, teria pedido ajuda "para pagar dívida referente a imóvel do filho de Lula". O lobista afirmou que "doou" 2 milhões para uma empresa de Bumlai, conforme o documento abaixo:

Rasgadinho - Anexo 11

No depoimento formal que prestou aos investigadores logo em seguida, Baiano contou que ele e Bumlai estavam intermediando um contrato com a Sete Brasil quando o pecuarista lhe confidenciou que "estava sendo pressionado para resolver um problema". Bumlai "estava sendo cobrado por uma nora do ex-presidente Lula para pagar uma dívida ou uma parcela de um imóvel". Precisava de 3 milhões de reais para resolver o problema. O pagamento, segundo o delator, acabou ficando em 2 milhões de reais. A Polícia Federal e o Ministério Público já encontraram provas de que a propina foi repassada a uma empresa do pecuarista, mas ainda investiga o destino final do dinheiro, uma vez que Fernando Baiano não soube dizer quem foi o filho ou nora beneficiado.

Rasgadinho - Depoimento Baiano

A Polícia Federal investiga o ex-presidente e sua família. Na semana passada, Lula foi intimado a depor. Ele confirmou que se reuniu com o presidente da Sete Brasil duas vezes para discutir "o conteúdo de contratos celebrados com a Petrobras", embora já tivesse deixado a Presidência da República, mas negou qualquer interferência do amigo Bumlai em assuntos envolvendo a Sete Brasil. Dono de um patrimônio superior a 27 milhões de reais, o ex-presidente garantiu que suas noras (Carla, Renata, Marlene e Fátima) ou seus filhos (Marcos, Cláudio, Fábio, Sandro e Lurian) jamais pediram dinheiro ao pecuarista.

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