O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na manhã desta terça-feira, 28, que só assinará o pacto entre os três Poderes proposto pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, após apresentar o texto aos líderes da Casa e ter o aval da maioria deles.
O documento foi anunciado pelo ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) após a reunião no Palácio da Alvorada entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL), Toffoli, Maia e Davi Alcolumbre, representante do Senado. Lorenzoni disse que os presidentes dos três Poderes assinarão um pacto com um conjunto de metas e ações possivelmente na semana do dia 10 de junho.
Sem dar detalhes sobre o documento, o ministro destacou que o Brasil vive uma crise de empregabilidade e de dificuldades econômicas, e que da reunião realizada pela manhã se consolida a ideia de formalizar um pacto “a favor da retomada do crescimento”.
A reunião aconteceu dois dias após manifestações de apoio ao presidente e que tiveram entre seus alvos o Congresso e o STF. Alertado de que as mobilizações causaram um mal-estar ainda maior nas relações com o Legislativo e o Judiciário, Bolsonaro decidiu se aproximar dos representantes dos demais Poderes.
Maia negou que esse pacto seja um desdobramento das manifestações. “O presidente Toffoli propôs o pacto entre os Poderes há dois meses. Não foi após as manifestações”, afirmou.
A ideia de um “pacto pelo Brasil” partiu de Toffoli, ainda em fevereiro, mas nunca saiu do papel. Nos bastidores, integrantes do Congresso e do Judiciário avaliam com desconfiança o que chamam de “movimentos erráticos” de Bolsonaro. Mesmo assim, muitos veem a necessidade de alinhavar um acordo de cavalheiros para evitar que as crises política e econômica se aprofundem.
Atacado nas mobilizações de domingo, Maia chegou a ser aconselhado na segunda-feira 27 por aliados a dar uma resposta contundente à ofensiva contra o Congresso e o Centrão – grupo que reúne partidos como DEM, PP, PR, PRB, MDB e Solidariedade – com um pronunciamento em defesa do Legislativo.
No fim do dia, no entanto, interlocutores de Bolsonaro entraram em cena para acalmar os ânimos e apagar o novo incêndio com o convite à conversa desta terça. O presidente da Câmara está certo de que Bolsonaro – e não apenas a bancada do PSL – estimulou as críticas ao Congresso.
O Palácio do Planalto admite que houve estragos na relação com o Legislativo por causa dos ataques. No domingo, ele disse, por exemplo, que as manifestações deram um recado “às velhas práticas”, que não deixam o povo se “libertar”. Nas redes sociais, o presidente classificou a mobilização em todo o país como “espontânea”.
A portas fechadas, Bolsonaro avaliou, porém, que exagerou em suas observações ao bater na tecla das “velhas práticas”. Lembrou, contudo, que sempre foi atacado quando era deputado “do baixo clero” e sobreviveu ao “bombardeio”. A preocupação do Planalto, agora, é com a reação do Congresso e possíveis “trocos” em votações no plenário. O governo teme, ainda, que o Legislativo aprove uma proposta de emenda à Constituição para diminuir os poderes do presidente na edição de medidas provisórias.
(Com Estadão Conteúdo)
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