sábado, 11 de maio de 2019

Evento de Bolsonaro na CEF deixa suspeita de insanidade em sentido clínico


Bolsonaro: fala na CEF não faz sentido. É preciso que se considere
a hipótese clínica

Um governante culto e tecnicamente preparado que falasse por enigmas já seria indesejável. Afinal, seus atos e discursos dizem respeito a todo mundo. Os governados não podem ficar sujeitos a obscuridades. Bolsonaro nem é culto nem é preparado. O homem participou nesta sexta de um evento em Brasília com gestores da Caixa Econômica Federal. Não sei não… Não dá para definir sua fala como coisa de gente que transita na larga faixa da sanidade.

Disse por exemplo:

"Talvez tenhamos um tsunami na semana que vem, mas a gente vence o obstáculo com toda a certeza. Somos humanos, todos erram. Alguns erros são perdoáveis, outros não".
O que quis dizer? Ninguém entendeu.

Depois ele resolveu desenvolver o gênero parabólico. Nada a ver com antenas — ele não as tem. Refiro às parábolas. Afirmou o seguinte sem que ficasse clara a natureza da simbologia:

"Se uma pessoa chega perto de nós e fala que tem fome, não a espere pedir um prato de comida, ofereça-lhe um prato de comida".
Então tá.

E aí aquele que é presidente da República referiu-se a uma situação qualquer que foi resolvida pelo presidente da CEF, afirmou o seguinte:

"Minha praia é outra".
E fez com as mãos o seu já tradicional sinal das armas, numa alusão certamente a seu decreto ilegal e à reação negativa que causou. Foi aplaudido por muitos dos presentes.

Emendou: 
"Eu acho que o pessoal gostou, em parte, do decreto das armas, com toda a certeza".
Uma frase que começa com um "eu acho" e termina com um "com toda a certeza" evidencia domínio deficiente da língua em pensamento torto.

Metáfora do tsunami, parábola do prato de comida e sinal de arma com as mãos, acompanhado de uma frase troncha…

Não parece expressão de sanidade.

Em sentido clínico mesmo.

Por Reinaldo Azevedo

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