O prefeito do Rio, Eduardo Paes, lançou o supersecretário municipal Pedro Paulo como candidato à sua sucessão, em 2016. Descobriu-se que o preferido de Paes espancara a ex-mulher. O agressor alegou que fora “um episódio único”. Era lorota. Registro policial atestou que havia um segundo espancamento.
Pilhado na mentira, o candidato de Paes tratou o próprio crime como algo corriqueiro: “Quem não tem uma briga dentro de casa? Quem não tem um descontrole? Quem não exagera numa discussão? …Quem às vezes não perde o seu controle?” Hummmm…
Perguntou-se a Eduardo Paes se o fato de seu secretário ter agredido a ex-mulher poderia inviabilizar a candidatura. E o prefeito: “De forma nenhuma. […] Estamos falando de algo da vida pessoal e familiar do secretário Pedro Paulo. Não estamos falando algo da dimensão pública dele. Na dimensão pública, ele é o quadro mais preparado para assumir essa função. Estou falando de alguém que, nesses sete anos de mandato, foi o ‘primeiro-ministro’ do governo, gerenciando todas as nossas intervenções, num governo que faz muito e de que a gente se orgulha. Portanto, não acho que afeta em nada. Pedro Paulo vai ser o candidato apoiado por mim na minha sucessão.”
O que Eduardo Paes afirmou, com outras palavras foi o seguinte: “Lancei um candidato a prefeito que espanca mulher, mas faz”. O raciocínio de timbre machista evoca um outro lema muito conhecido da política brasileira, o “rouba, mas faz”, usado como álibi perpétuo por políticos que espancam a moralidade. Aos pouquinhos, o que poderia ser um problema apenas de Pedro Paulo vai contaminando também a biografia do padrinho dele.
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