O principal trunfo do cinismo é deixar-nos espantados e desarmados. A vida em sociedade exige algo como um princípio de credulidade, uma confiança espontânea nos outros.
Os tempos andam insalubres. Parece que vivemos num mundo onde tudo é suspeito, logro, perigo, dissimulação, nada é nítido. A atmosfera é de má-fé. É uma atmosfera fértil aos cínicos.
O cínico mente com a perfeita consciência de que está mentindo e nem por um instante acredita no que diz. Se a má-fé pode proteger da argumentação racional e da persuasão comum, o cinismo é mil vezes mais eficaz. Cria uma espécie de invulnerabilidade.
Sem paradoxo algum, o cínico pode proclamar grandes ideais. Não acredita nelas por um só instante, é claro, mas isso obviamente não o perturba. O grau de comprometimento do cínico com as suas ideias é nulo. O que, diga-se de passagem, lhe é extremamente útil. A maior parte das pessoas vive as suas ideias com algum comprometimento. E essa relação de comprometimento varia com o tempo, porém, permanecem sempre os melhores como um ideal. O comprometimento efetivo.
O cínico encontra-se liberto desse fardo, e liberto, encontra-se disponível – dentro das suas possibilidades, que são ditadas pelas condições da sua sobrevivência – para acolher todas as ideias que lhe pareçam úteis. Descomprometido essencialmente, pode simular comprometimentos com o que lhe apetecer.
Quem é convencido pelo cínico? Certamente aqueles que apreciam o seu esplendor, o falso heroísmo, seu desprezo pela verdade e a sua magnífica ausência de pudor.
Em Caçapava é na política que prolifera os falsos heróis e os despudorados. E é em “Frequência Modulada” que os cínicos tentam chegar aos seus objetivos. Já os derrotamos muitas vezes, mas, em 2016, nas próximas eleições, podemos enterra-los definitivamente em uma grossa camada de hidróxido de cálcio, para que entendam de vez que a Cidade Simpatia tem poucos ingênuos, e que a relação da maioria de seus cidadãos está hipotecada com seus melhores ideais.
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