Em janeiro deste ano, Leamsy Salazar, ex-guarda-costas de Hugo Chávez e de Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, exilou-se nos Estados Unidos e contou às autoridades americanas como os chavistas, principalmente o seu último chefe, comandam a exportação de 90% da cocaína produzida pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Fare). As denúncias de Salazar espalharam o pânico na cúpula do governo de Nicolás Maduro, o sucessor de Chávez na Presidência da Venezuela. Os guarda-costas sabiam demais.
Desde a fuga de Salazar, os profissionais responsáveis pela guarda de algumas das principais autoridades do chavismo começaram a morrer em série. Dezesseis agentes foram assassinados, nenhum deles em serviço. Todos estavam de folga e, segundo a polícia, foram vítimas de latrocínio.
Na lista dos mortos está Yusber Velásquez Olivier, ex-agente do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) que fazia parte da escolta da primeira-dama Cilia Flores. Também foi morto Carlos Manuel Pulgar Siso, que servia à deputada Blanca Eekhout, vice-presidente da Assembleia Nacional. O deputado chavista Freddy Bernal, que foi chefe de polícia e possui estreita relação com Cabello, perdeu dois de seus seguranças em um intervalo de três meses. A mais cruel das mortes ocorreu um dia depois que as primeiras revelações de Salazar vieram a público. Antes de ser executado com cinco tiros e ter o corpo incendiado, José Daniel Castillo, guarda-costas de Tarek William Saab, cujo cargo é o de “defensor do povo”, teve uma das pernas decepadas. Saab é conhecido dos brasileiros. Em maio passado, ele esteve no Senado Federal a convite do PT, ocasião em que chamou os parlamentares da oposição de covardes.
Os seguranças que continuam na ativa não interpretaram as mortes como mera coincidência, e sim como uma mensagem de que as traições não serão toleradas e de que a menor suspeita poderá levá-los a fazer parte das estatísticas das “vítimas da violência urbana”. A avaliação da conduta dos seguranças foi entregue ao comissário-geral da Sebin, Emir Mendoza, homem de confiança de Cabello. Triste o país em que até os guarda-costas precisam de guarda-costas.
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