sábado, 21 de novembro de 2015

‘Não sabia que havia esse nível de corrupção’, diz ex-jurídico da Petrobrás que não quis assinar parecer de Pasadena


Texto de Thales (Foto: Reprodução)

“Hoje chego em casa do escritório a esta hora e beijo meus filhos com orgulho de poder olhar Paiolinho e carrapato nos olhos e não ter nada pra justificar. Algumas pessoas aqui sabem da minha história profissional. Ter que sofrer tudo que sofri na pele por ter me recusado a assinar o parecer jurídico que respaldava a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás foi duro, paguei um preço alto por esta decisão”. O trecho faz parte de um desabafo do ex-.coordenador jurídico Internacional da Petrobrás Thales Rodrigues de Miranda, responsável pela análise jurídica do contrato da compra da primeira metade da refinaria de Pasadena, em 2006, e que se recusou a assinar os termos do polêmico acordo com a empresa belga Astra Oil, então proprietária da outra metade do empreendimento.

O texto foi publicado no perfil do advogado no Facebook em 2014 e encontrado pelos investigadores da Lava Jato no computador de Jorge Zelada, ex-diretor de Internacional da Petrobrás preso na operação. Em entrevista ao Estado, Thales Miranda, que deixou a estatal em 2013 após as pressões, confirma o teor de seu desabafo e conta que o parecer jurídico encaminhado ao Conselho de Administração da Petrobrás, que ele se recusou a assinar, não falava nada sobre uma multa de 20% na cláusula put option – que previa que a Petrobrás tinha que comprar a outra metade da refinaria em caso desentendimento com a Astra Oil.

Ele afirma ainda que partiu do “Rio” uma ordem para aceitar as polêmicas condicionantes jurídicas dos advogados da Astra Oil e que o ex-diretor Internacional Nestor Cerveró sempre dizia a seus subordinados que a compra seria um bom negócio mesmo com as cláusulas polêmicas.



Nenhum comentário: