Os caciques estão de fôlego renovado. A minirreforma eleitoral, sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT) em setembro, aumentou as chances de sucesso de velhos conhecidos do povo.
Em contrapartida, dificultou ainda mais a vida de quem tenta se eleger vereador pela primeira vez na região.
Essa é a opinião de cientistas políticos consultados por O VALE. A expectativa é de que a taxa de renovação no Legislativo seja pequena na próxima eleição.
A redução da campanha de 90 para 45 dias, embora diminua custos, favorece quem já tem visibilidade. O candidato que busca o primeiro mandato terá poucos dias para se apresentar à população.
A proibição do financiamento privado de campanha, criada para equilibrar o jogo de forças e para desestimular a corrupção, acabará beneficiando também quem já é conhecido e não tem mais a necessidade de investir em propaganda.
“Enquanto o vereador teve quatro anos para enviar cartão de Natal ao eleitor e conversar nas ruas, quem não tem mandato terá apenas 45 dias para se apresentar à população”, afirma o consultor político Carlos Manhanelli.
“O publicitário Washington Olivetto disse que a proibição da publicidade de cigarros na mídia não afetou a empresa Souza Cruz, pois ela é a líder de mercado, já conhecida do público. O mesmo acontece com os vereadores. A proibição do financiamento privado afeta menos quem está na mídia.”
Estratégia. Fernando Petiti (PSDB), que recebeu 6.389 votos para a Câmara de São José em 2012, concorda que as dificuldades aumentaram para quem tenta primeiro mandato.
Mas, segundo ele, líderes comunitários terão boas chances sempre. “Quem tem a vitrine leva vantagem. Mas tem pessoas que fazem trabalho forte na comunidade.”
Calasans Camargo (PRP), vereador em primeiro mandato e que teve o menor número de votos na última eleição em São José (2.668), acredita que os novatos podem adotar a mesma estratégia dele há cerca de três anos.
“Depende muito do serviço oferecido à população. Em 2012, gastei R$ 5.000. Não fiz nem carro de som. Só distribuí cartãozinho no bairro e falei com os meus alunos”, disse Camargo, dono de academia.
Redes. Aos debutantes em eleição, um dos caminhos para quebrar essa tendência de baixa renovação é a rede social. “O Facebook é um atalho de informação que pode dar suporte à decisão, tanto no que tange ao acesso a conteúdo jornalístico como na troca discursiva com outros cidadãos”, disse a jornalista Patrícia da Conceição, que desenvolveu um trabalho sobre o tema para a Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).
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