segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Estudo da USP revela perfil dos prefeitos candidatos à reeleição



Operários em ação, máquinas a todo vapor e cheiro de asfalto novo. Este é o cenário que se desenha para os próximos meses em São José dos Campos e Taubaté.

Com a eleição no horizonte, prefeitos dessas duas cidades reservaram investimentos importantes para 2016, quando colocam o prestígio à prova nas urnas.

Estudo da USP (Universidade de São Paulo) analisou 3.393 cidades e chegou à conclusão: em ano eleitoral, gestores em condições de reeleição investem mais em obras de visibilidade. Destaque para criação ciclofaixas, melhora do asfaltamento e construção de creches.

A pesquisa foi comandada pelo doutor em economia Sergio Naruhiko Sakurai e pelo doutor em administração pública Fabio Alvim Klein. A dupla analisou, durante oito anos, o comportamento de prefeitos em primeiro e segundo mandatos.

“O eleitor precisa ficar atento às inaugurações em ano eleitoral, como reforma ou construção de escolas, hospitais, creches. Também precisa levar em conta se o prefeito está gerindo bem o caixa. É preciso premiar o gestor responsável e punir com muito rigor o gestor irresponsável”, afirmou Sakurai a O VALE.

Manipulação. O pesquisador considera que interesses eleitoreiros fazem parte do processo democrático. Cabe ao eleitor, porém, saber lidar com o que ele chama de ‘manipulação oportunista’.

“Não se pode deixar seduzir por um prefeito que dá uniforme novo para seu filho ou pinta a fachada da escola no ano eleitoral se a criança não estiver recebendo educação de qualidade. Em suma: é o eleitor que decide.”

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Pesquisa aponta ‘manipulação’

O doutor em economia pela USP Sergio Naruhiko Sakurai detectou na pesquisa a estratégia encontrada por prefeitos para cumprirem a Lei de Responsabilidade Fiscal. 

Em ano eleitoral, o administrador em condição de reeleição tem por hábito cortar gastos correntes e pagamento de terceirizados. 

Os investimentos normalmente realizados, segundo Sakurai, são obras de visibilidade como ciclofaixas, melhora do asfaltamento e construção de creches.

“O estudo é bem representativo, porque engloba muitos municípios brasileiros e o procedimento estatístico nos dá esta segurança”, afirmou.

Manipulação. A pesquisa revela também que a maior diferença na gestão de prefeitos de primeiro e segundo mandato ocorre durante o ano eleitoral. 

“Na média dos três primeiros anos do mandato, a diferença, praticamente, não existe. Ela passa a existir especificamente no último ano do primeiro mandado, que é quando temos o que chamamos de ‘manipulação oportunista’, ou seja, com fins eleitorais”, explicou o especialista.

A pesquisa da USP, realizada ao longo de oito anos, foi condecorada recentemente na 3ª edição do Prêmio Ministério da Fazenda de Economia.

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