Operários em ação, máquinas a todo vapor e cheiro de asfalto novo. Este é o cenário que se desenha para os próximos meses em São José dos Campos e Taubaté.
Com a eleição no horizonte, prefeitos dessas duas cidades reservaram investimentos importantes para 2016, quando colocam o prestígio à prova nas urnas.
Estudo da USP (Universidade de São Paulo) analisou 3.393 cidades e chegou à conclusão: em ano eleitoral, gestores em condições de reeleição investem mais em obras de visibilidade. Destaque para criação ciclofaixas, melhora do asfaltamento e construção de creches.
A pesquisa foi comandada pelo doutor em economia Sergio Naruhiko Sakurai e pelo doutor em administração pública Fabio Alvim Klein. A dupla analisou, durante oito anos, o comportamento de prefeitos em primeiro e segundo mandatos.
“O eleitor precisa ficar atento às inaugurações em ano eleitoral, como reforma ou construção de escolas, hospitais, creches. Também precisa levar em conta se o prefeito está gerindo bem o caixa. É preciso premiar o gestor responsável e punir com muito rigor o gestor irresponsável”, afirmou Sakurai a O VALE.
Manipulação. O pesquisador considera que interesses eleitoreiros fazem parte do processo democrático. Cabe ao eleitor, porém, saber lidar com o que ele chama de ‘manipulação oportunista’.
“Não se pode deixar seduzir por um prefeito que dá uniforme novo para seu filho ou pinta a fachada da escola no ano eleitoral se a criança não estiver recebendo educação de qualidade. Em suma: é o eleitor que decide.”
Pesquisa aponta ‘manipulação’
O doutor em economia pela USP Sergio Naruhiko Sakurai detectou na pesquisa a estratégia encontrada por prefeitos para cumprirem a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Em ano eleitoral, o administrador em condição de reeleição tem por hábito cortar gastos correntes e pagamento de terceirizados.
Os investimentos normalmente realizados, segundo Sakurai, são obras de visibilidade como ciclofaixas, melhora do asfaltamento e construção de creches.
“O estudo é bem representativo, porque engloba muitos municípios brasileiros e o procedimento estatístico nos dá esta segurança”, afirmou.
Manipulação. A pesquisa revela também que a maior diferença na gestão de prefeitos de primeiro e segundo mandato ocorre durante o ano eleitoral.
“Na média dos três primeiros anos do mandato, a diferença, praticamente, não existe. Ela passa a existir especificamente no último ano do primeiro mandado, que é quando temos o que chamamos de ‘manipulação oportunista’, ou seja, com fins eleitorais”, explicou o especialista.
A pesquisa da USP, realizada ao longo de oito anos, foi condecorada recentemente na 3ª edição do Prêmio Ministério da Fazenda de Economia.
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