A maior empulhação que Lula e o PT podem cometer contra a plateia no momento é atribuir a Joaquim Levy a responsabilidade pelo mau estado da economia. Ninguém vira presidente com um dígito de aprovação antes de completar um ano de governo por acaso. Quem produziu a ruína econômica não foi o ministro da Fazenda. Foi Dilma Rousseff. Meteu-se na enrascada no seu primeiro mandato, ao fundar uma nova matriz econômica, voluntarista e intervencionista. Encalacrou-se de vez em 2014, quando pedalou o Orçamento para se manter no poder.
Reeleita, deu um cavalo de pau e mudou o rumo de sua prosa. Sem aviso prévio, foi do paraíso dos videoclipes do João Santana para o inferno da vida real. Perdeu a credibilidade. Que é igual à virgindade. Não dá segunda safra. Foi contra esse pano de fundo que Levy trocou a diretoria do Bradesco pela Esplanada dos Ministérios. Disseram-lhe que teria carta branca e votos no Congresso. Não teve nenhuma das duas coisas.
Levy enxergou o focinho do desastre ao fragrar-se com um olho na erosão das contas e outro nos colegas Nelson Barbosa e Aloizio Mercadante. Em pelo menos uma ocasião, disse a Dilma que poderia ir embora, presenteando-a com sua ausência. Ouviu apelos para que ficasse. Súbito, Lula, passou a pregar sua saída. E Dilma parou de fingir que não ouve.
O petismo imagina que, sem Levy, todos os problemas do governo acabarão. Engano. Ainda que Henrique Meirelles –ou um assemelhado dele— tope assumir a Fazenda, o problema continuará despachando no gabinete principal do Palácio do Planalto.
Em resumo, a situação atual da economia, é a seguinte: uma parte do mercado está nervosa porque Dilma diz que Levy fica, mas sabe que é mentira e que o Lula emplacará um substituto a qualquer momento. A outra parte está nervosa porque Dilma diz que Levy fica e sabe que ele fica mesmo, porque Lula ainda não convenceu o Meirelles a assumir. E Dilma está nervosa porque não sabe se diz que Lula voltou a presidir sem a sua autorização ou se autoriza Lula a presidir e não diz. E vice-versa.
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