terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Empresário do Vale abasteceu propinoduto da Alstom, diz MP


O empresário Sabino Indelicato, de São José dos Campos, é apontado pelo Ministério Público Federal como o mediador do pagamento de propinas feito pela multinacional Alstom a servidores públicos para garantir um contrato milionário com o governo do Estado.

Ele é uma das 12 pessoas denunciadas pelo MPF na semana passada à Justiça por envolvimento com o suposto esquema de corrupção.

A empresa Acqua-Lux Engenharia e Empreendimentos, administrada por Indelicato e com sede em Monteiro Lobato, é citada na denúncia do MPF como responsável por "contratos de consultoria ideologicamente falsos", usados para lavar dinheiro da propina.

A denúncia poderá ser acatada ou não pela Justiça.

Indelicato foi secretário de Obras de São José na gestão do ex-prefeito Robson Marinho (1983-1986), acusado de receber R$ 2 milhões em propinas da Alstom.

Atual vice-presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado), Marinho tem foro privilegiado e não pode ser citado na denúncia do MPF.

A investigação do STJ se arrasta desde 2010, sem nenhuma conclusão.

Negócios e amizade. 

Marinho e Indelicato são amigos há mais de 30 anos e sócios em outros negócios na região e fora dela.
Segundo informações da Polícia Federal, que também investiga o caso, o conselheiro é suspeito de ter recebido a maior parte de um total de R$ 6,4 milhões que teriam sido pagos em propina pela Alstom, empresa que tem uma unidade em Taubaté (leia texto nesta página).
A apuração aponta ainda que a empresa Acqua-Lux de Indelicato teria recebido R$ 1,82 milhão de propina.

Segundo a investigação do MPF, que começou há cinco anos, o dinheiro pago pela Alstom serviu para garantir que um contrato sem licitação para modernizar a transmissão de energia em São Paulo, no valor de R$ 183 milhões (veja quadro).

As propinas pagas a servidores públicos do Estado chegariam a 15% do valor do contrato. A propina teria sido paga de outubro de 1998 a dezembro de 2002.

Para que esses valores fossem ocultados, foram firmados contratos de consultoria ideologicamente falsos, que não correspondiam a uma efetiva contraprestação de serviços, caso da empresa administrada por Indelicato.

O empresário não foi localizado ontem para comentar o assunto. Robson Marinho também foi procurado, 
mas informou, por meio de sua assessoria, que não irá se pronunciar.

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