quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Advogados de petistas dizem que eles estavam formando o PT, não uma quadrilha. É… Faz sentido!


Há coisas que têm a sua graça involuntária e expõem o surrealismo da política brasileira. Teve início o julgamento dos embargos infringentes. O relator, ministro Luiz Fux, cuidou apenas de afastar, em sua intervenção inicial, alguns pedidos que julgou descabidos, mas não entrou no mérito; não leu o seu voto. Na sequência adotada, falaram os advogados de defesa que contestam o crime de quadrilha: Arnaldo Malheiros (Delúbio Soares), Luiz Fernando Pacheco (José Genoino) e José Luís Oliveira Lima (José Dirceu). Também fizeram suas respectivas intervenções as defesas de José Roberto Salgado e Kátia Rabello.

Todos, claro!, foram unânimes em negar que tenha havido a formação de quadrilha. Até aí, bem! Eles estão pleiteando uma segunda votação justamente para alegar, ainda outra vez, a inocência dos seus clientes. Nada de especial nisso.

Achei engraçada a argumentação dos advogados dos petistas: eles tentaram provar que seus clientes, na verdade, não formaram uma quadrilha, mas um partido político… Vejam bem, leitores, é claro que estou ciente do truque, não é? Mas confesso que me vi tentado a concordar com eles: “Isso! Eles estão certos! Não se trata de uma quadrilha, mas de um partido político”. É óbvio que uma afirmação como essa segue verdadeira caso se invertam os termos: “Não se trata de um partido político, mas de uma quadrilha”.

O debate jurídico, claro!, é interessante, né? Se um grupo se junta e pratica peculato, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro e alega que só estava criando um partido, isso é quadrilha ou não? E se outras pessoas se reúnem e praticam essas mesmas coisas, sem a desculpa de pertencer a um partido? Aí é quadrilha? Noto, leitores, que nem os piores bandidos dão as mãos e combinam: “Vamos formar uma quadrilha!”.

Por Reinaldo Azevedo

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