Dizem tantas maravilhas a respeito do Hospital Sírio Libanês e dos seus médicos que os brasileiros saudáveis sentem que estão perdendo alguma coisa. Tratam-se nas suas dependências os famosos e endinheirados da República.
Beneficiário de um plano de saúde financiado por você, o ex-deputado José Genoino, 67 anos, passou pelo Sírio Libanês. Em julho do ano passado, submeteu-se a uma cirurgia cadíaca —coisa emergencial e de alto risco. Durou seis horas.
Seguiu-se uma internação de 26 dias. Após receber alta, Genoino requereu à Câmara aposentadoria por invalidez. Fez isso num instante em que já colecionava no STF uma pena de 6 anos e 11 meses de cadeia, em regime semiaberto.
Enviados a São Paulo, médicos da Câmara examinaram Genoino. Acharam que ele estava bem. Mas concluíram que era preciso aguardar pela evolução do pós-operatório antes de decidir se o paciente tornara-se um inválido.
Sobreveio, em novembro, a ordem de prisão emitida por Joaquim Barbosa. Desde então, o companheiro trava com os peritos uma batalha ao redor de um paradoxo. Os doutores atestam que a Genoino livrou-se da cardiopatia grave. Porém…
Em vez de celebrar a recuperação da saúde, Genoino briga para provar-se um cardiopata inválido. É como se tivesse inaugurado uma cruzada contra a eficiência do Sírio Libanês, onde Lula e Dilma Rousseff livraram-se de seus tumores.
Nesta segunda-feira, veio à luz o resultado de um segundo laudo da equipe médica da Câmara. Após nova bateria de exames, concluiu-se que Genoino não é o doente grave que tenta fazer crer. Seus problemas não fizeram dele um inválido.
Submetido à ótima notícia, Genoino apressou-se em contestá-la. Mandou entregar ao serviço médico da Câmara outros exames. Reivindica a re-re-reavaliação do laudo. Quer porque quer ser reconhecido como inválido.
Genoino já recebe aposentadoria de R$ 20 mil, proporcional ao tempo de trabalho. Inválido, passaria a ganhar contracheque integral de R$ 26,7 mil. Para além da remuneração, preocupa-se com seu status prisional.
Também nesta segunda, a defesa de Genoino pediu no STF a conversão de sua prisão domiciliar de temporária em definitiva. Há três meses, laudo produzido por equipe do hospital universitário da UnB ecoara a avaliação dos médicos da Câmara: “não se caracteriza como grave” o estado de saúde de Genoino.
Nesta a quinta-feira (20), o ministro Joaquim Barbosa, do STF, terá de decidir se mantém o condenado em casa ou se o devolve ao xadrez da Papuda. Por meio dos seus advogados, o preso diz que, no cárcere, pode morrer. Nesse ritmo, arrisca-se a ser processado pelo Sírio Libanês por danos morais.
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