João Bosco Leal |
Assim como páginas dos livros, as histórias de vida de cada um são cheias de surpresas e passam pelas mais diversas fases, como as de ambições, sonhos, sucessos e alegrias ou inabilidades, imprevistos, frustrações e tristezas.
No processo de aprendizagem da caminhada, muitas vezes os jovens não ouvem os mais velhos e suas lições só são absorvidas com tropeços, quedas, um novo levantar e o recomeço, mas normalmente já arranhados, esfolados, alguns até machucados e fraturados, sem necessidade.
Esses jovens buscam crescer, aumentar o patrimônio, a casa, o guarda roupas e tentam preparar o terreno para que seus filhos tenham um futuro mais fácil e confortável que os seus, mas a carga vai ficando pesada e nesse período muitos tropeçam, caem ou até mesmo morrem.
Porém, em menor ou maior quantidade, todos possuem uma força chamada persistência, utilizada na busca do objetivo individual, que os faz suportar as dores, acreditar, e sempre recomeçar em busca da sua felicidade.
Quando maduros, entretanto, tudo fica mais simples, as necessidades vão sendo reduzidas e por entenderem que não necessitam de tanto e não possuem controle algum sobre o futuro, diminuem a bagagem e a preocupação com o amanhã.
Para esses mais experientes, as opiniões contrárias que antes aborreciam tanto, agora, mesmo quando sobre eles, já não incomodam ou sequer interessam, pois são as de outros. Aprendem que tudo é consequência da vida que cada um escolheu para si e por isso deixam de julgar qualquer pessoa, atitude ou opção.
Já sabendo não ser possível ter certeza de nada, abrem mão dessa preocupação e as certezas deixam de fazer falta. O que mais importa aos na fase mais madura é ter paz, sossego, viver sem medo, só fazer o que gostam e para isso, se afastam de tudo e de todos cuja presença os incomoda.
Com os olhares já mais tranquilos e a mente possuindo menos ilusões, as ocorrências são mais previsíveis e por isso lhes provocam menos sofrimentos. Muitas coisas que antes os chocariam, hoje são corriqueiras, consideradas normais.
As sociedades vivem em constante transformação e nas páginas do livro da vida de cada um os valores também vão sendo alterados. Passam a ser muito diferentes daqueles de quando jovens ou mesmo dos que observavam até agora.
O questionamento individual, de como é e como poderia ser sua vida, acontece por uma variedade infinita de motivos e um dos mais comuns é a ocorrência de um acidente grave, que aproxima a pessoa da morte.
A possibilidade da antecipação do fim provoca em quem o viveu, um novo olhar sobre os seres, animais, insetos, objetos, enfim, sobre a vida, que passa a ser observada nos detalhes de itens talvez antes já vistos, mas não enxergados. Isso a torna mais bela, apaixonante, nele provocando desejos de vivê-la cada vez mais intensamente.
Esse novo comportamento afeta suas amizades, relacionamentos já existentes e a todos que o cercam, pois sua garra e alegria são contagiantes e estimula seus próximos, principalmente por se lembrarem de como era e como agora é.
As páginas do passado ou capítulos da sua história não podem ser rasgadas ou puladas, pois foi por ter ocorrido exatamente como ocorreu é que hoje você está aqui e da forma como está.
Por João Bosco Leal
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