Fernanda Lima, modelo. Foto: Sérgio Moraes / Reuters |
Uma coisa é um espasmo coletivo de irracionalidade, a outra o enfrentamento de dois lutadores preparados, com força equivalente e regras estabelecidas. O que aproxima as duas coisas é a estupidez.
A mesma estupidez que parece dominar essa assustadora arena de insultos e ameaças que é a internet e que, cada vez mais, no Brasil, também domina o debate político e jornalístico, em que termos como “idiota” são muitas vezes os mais suaves que se ouve ou que se lê. O clima é de embrutecimento generalizado. Chutes na cabeça, reais ou figurados, são legitimados pelo clima.
Falemos, pois, das amenidades restantes. Da Fernanda Lima no sorteio das chaves para a Copa, por exemplo. Da sua simpatia, da sua competência, do seu inglês perfeito, do seu decote.
Não sei se já nasceu o movimento “Fernanda Lima 2014”, com vistas à próxima eleição presidencial, mas me parece uma iniciativa natural. Já elegemos uma mulher para a Presidência da Republica, o próximo passo lógico seria eleger um mulherão. Onde é que eu assino?
Formidável, também, foi o cara que se apresentou para interpretar para surdos os discursos em homenagem ao Mandela e, literalmente, não sabia o que estava dizendo. Inventou uma linguagem de sinais própria, uma espécie de paródia da linguagem verdadeira, e teve seus minutos de glória internacional ao lado dos oradores.
Dizem que ele só foi descoberto porque alguns surdos protestaram, não tinham entendido nada dos discursos. Um chegou a dizer que não podia afirmar com certeza, mas achava que o falso intérprete tinha, sem querer, insultado a sua mãe.
Luis Fernando Veríssimo é escritor.
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