segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

EMPRESA DE DIRCEU ALTEROU RAZÃO SOCIAL CINCO VEZES


Mudanças no contrato da empresa incluem o registro de uma filial no Panamá - JF Diorio/Estadão

O ex-ministro José Dirceu multiplicou suas possibilidades de negócios após a passagem como ministro da Casa Civil do governo Lula. Fora do governo e com o mandato de deputado cassado pelo envolvimento no esquema do mensalão, Dirceu alterou cinco vezes a razão social da JD Assessoria e Consultoria e incluiu no seu escopo de atuação a atividade de lobby para diversos setores com interesses no governo federal.

As mudanças no contrato da empresa incluem o registro de uma filial no Panamá, conforme revelou o Estado no último sábado. A filial tem o mesmo endereço da Truston International, sócia majoritária do hotel St. Peter, que ofereceu o cargo de gerente administrativo a Dirceu, com salário de R$ 20 mil, dez dias após ele ser preso pela condenação no mensalão. No endereço da JD e da Truston funciona o escritório de advocacia Morgan & Morgan, que oferece testas de ferro para abertura das filiais no paraíso fiscal.

Ao ampliar o escopo de sua consultoria, Dirceu fez fortuna. Sua última declaração de bens pública, apresentada à Justiça Eleitoral em 2001, informa que ele tinha bens e valores que somavam R$ 172,8 mil, em valores da época. Somente a casa em que funcionava sua consultoria, em São Paulo, está avaliada em R$ 5 milhões por corretores. Após sua prisão, o imóvel na Avenida República do Líbano, a 300 metros do Parque do Ibirapuera, foi colocado à venda.

A oposição cobrou neste domingo uma investigação sobre a filial da JD Assessoria e Consultoria no Panamá. “A cada dia surge uma nova descoberta daquilo que seria um grande ‘laranjal’ arquitetado em torno do mensalão. Isto é gravíssimo, o que exige das instituições que façam ampla investigação”, disse o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR).

A assessoria de imprensa da empresa de consultoria afirmou que “nunca atuou ou estruturou qualquer operação” no Panamá. “O pedido de abertura de filial, feito a partir do Brasil, nem sequer foi registrado naquele país, sendo revogado por decisão da própria empresa, que seguiu todos os trâmites previstos pela legislação.”

Dirceu desistiu do emprego no St. Peter após a denúncia de que a empresa proprietária do hotel tinha um “laranja” como presidente. “Isso reforça a suspeita de que o hotel é de propriedade do próprio Zé Dirceu”, disse o líder da minoria, Nilson Leitão (PSDB-MT).

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