Carlos Brickmann
É triste ouvir políticos veteranos comportando-se como crianças. Porque, fora a safadeza, isso de dizer "eu sou ladrão, mas foi ele que começou" é infanto-juvenil: se é ladrão, fora da lei, que seja investigado e julgado.
Se o adversário também é ladrão, que também seja investigado e julgado. Não é porque os ladrões estão em partidos adversários que a ladroeira de um compense a do outro.
A moda agora é reclamar da demora no julgamento do Mensalão mineiro, como se isso tornasse injusto o julgamento do Mensalão. Só que uma coisa não tem nada a ver com outra: os responsáveis pelo Mensalão mineiro têm de ser julgados e logo, mas não para compensar o processo contra os réus do Mensalão.
Um criminoso não pode deixar de ser punido porque outros criminosos ainda não o foram. E não se trata apenas do Mensalão mineiro (onde há pelo menos um tucano que já foi importante, Eduardo Azeredo, ex-presidente nacional do PSDB, ex-governador de Minas, há gente que mudou de lado, como Marcos Valério, há amplo material para julgamento).
Há o escândalo da Bancoop, o do Banestado, o da Alstom-Siemens (cartel dos trens urbanos de São Paulo, com eventual propina), o desvio do ISS da Prefeitura paulistana, que já derrubou um secretário do prefeito Haddad (PT).
O que não falta é caso para ser investigado. Que a filiação política não seja levada em conta: o que se vê nas propinas paulistanas, por exemplo, é uma aliança pluripartidária para delinquir - vulgo "quadrilha".
Carlos Brickmann é jornalista.
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