quarta-feira, 28 de março de 2012

Morre no Rio o escritor Millôr Fernandes



Millôr Fernandes

Morreu nesta terça-feira, aos 88 anos, o escritor, jornalista e cartunista Millôr Fernandes. Ele havia sofrido um acidente vascular cerebral em fevereiro de 2011, e teve duas longas internações ao longo do ano. Morreu em sua casa, de parada cardíaca, às 21h de ontem.

Embora seja mais conhecido do público como humorista, Millôr foi um intelectual como poucos, e participou de grandes momentos da imprensa brasileira do século XX. Foi um dos responsáveis pelo fenômeno editorial da revista O Cruzeiro, que chegou a ter tiragem de 750 mil exemplares nos anos 1950, e um dos fundadores do lendário O Pasquim, tablóide que se tornou símbolo da resistência à ditadura militar. Em VEJA, no Jornal do Brasi, no Correio Brasiliense, em O Estado de São Paulo e outros jornais, deixou a marca de um humor inteligente e ácido, que produziu frases antológicas como "Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim", ou "“A justiça pode ser cega: mas que olfato!”

Millôr era um intelectual inquieto. Publicou dezenas de livros, mas dizia que não tinha obra (“É coisa de pedreiro”). Tradutor de Shakespeare, Molière e Brecht, foi um dramaturgo premiado - entre as peças que escreveu, destacam-se Um Elefante no Caos e Liberdade, Liberdade (com Flávio Rangel). Como se não bastasse, reivindicava o título de inventor do frescobol, e foi vice-campeão mundial de pesca ao atum na Nova Escócia, em 1953. Seu perfil no Twitter tinha 285 mil seguidores.

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