Idalberto Matias de Araújo, o sargento Dadá, guarda muitos segredos. Preso na Papuda, em Brasília, ele contou a policiais do Distrito Federal que revelará ao Brasil os segredos da Operação Satiagraha, caso o delegado e deputado Protógenes Queiroz (PC do B/DF) insista em abrir uma CPI para investigar as atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Antes dele, o próprio Cachoeira fez a mesma ameaça ao delegado. A informação foi publicada nesta segunda-feira na coluna do jornalista Claudio Humberto, que é distribuída a vários jornais.
Dadá teve participação decisiva na Operação Satiagraha. Foi ele quem entregou detalhes da investigação conduzida por Protógenes à jornalista Andrea Michael, que trabalhava na Folha de S. Paulo. Michael foi orientada por Dadá a produzir uma reportagem informando que o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, e alguns de seus parentes seriam presos. Ou seja: avisou publicamente que uma operação sigilosa vinha sendo conduzida pela equipe de Protógenes.
A partir desta reportagem, Protógenes obteve do juiz Fausto de Sanctis e do promotor Rodrigo de Grandis autorização para montar uma ação controlada. A equipe do delegado se sujeitaria a uma oferta de suborno para produzir um flagrante que levasse os alvos da operação à prisão. Nesta ação controlada, Protógenes recorreu a um amigo de muitos anos, chamado Hugo Chicaroni, com quem já havia trabalhado em outras operações. Este foi filmado num restaurante chamado El Tranvia, em São Paulo, oferecendo suborno a um assistente de Protógenes, chamado Victor Hugo, para que a operação fosse suspensa. A partir desta imagem, captada por cinegrafistas da Rede Globo, e não da Polícia Federal, foi possível deflagrar a operação.
Sumiço do dinheiro
Na Satiagraha, considerada a operação mais polêmica já realizada pela Polícia Federal, o dinheiro apreendido na casa de Chicaroni não foi periciado. Sumiu antes que se pudesse descobrir sua procedência. A ação acabou invalidada pelo Superior Tribunal de Justiça, em função da participação informal de agentes da Agência Brasileira de Inteligência – hoje, o MP tenta reabrir o caso, que será julgado no STF.
Além de Dadá, outro funcionário de Carlos Cachoeira também participou da Satiagraha. Foi o araponga Jairo Martins, fonte contumaz da revista Veja, que também está preso.
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