O Globo
A ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), provocou um
racha no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ao afirmar esta semana que há
bandidos escondidos atrás de togas . A declaração pode ter parecido
surpreendente para alguns, mas não para quem conhece de perto a corregedora
nacional de Justiça.
De temperamento forte e incisivo, a ministra tem uma carreira marcada por
declarações e decisões de combate à corrupção quase sempre impactantes.
Não por acaso, a ministra se manteve firme diante da tentativa do presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, de fazê-la se retratar numa
reunião do Conselho Nacional, na terça-feira. Eliana se recusou a pedir
desculpas e, fiel ao seu estilo, criticou a decisão do conselho de divulgar uma
nota de repúdio às declarações que fez sobre bandidos que se "escondem atrás da
toga". A ministra disse que não teve a intenção de generalizar as acusações.
A expressão "bandidos de toga" seria direcionada a casos específicos de
magistrados comprovadamente envolvidos em irregularidades.
- Acho que houve uma reação desproporcional do Conselho - disse ao GLOBO.
Eliana chegou ao STJ em 1999 e, entre seus padrinhos políticos, estava o
senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), já falecido. Mas não demorou muito
para a ministra mostrar que os laços com o mundo político eram só contingência
de um magistrado a caminho de um tribunal.
Em 2006, Eliana assinou as ordens de prisão de todos os investigados na
Operação Dominó.
Entre os presos estavam dois togados: o presidente do Tribunal de Justiça de
Rondônia, desembargador Sebastião Teixeira Chaves, e um de seus juízes
auxiliares, José Jorge Ribeiro da Luz. A decisão quebrou um tabu. Era a primeira
vez no país em que um desembargador, presidente de um tribunal, experimentava um
par de algemas sob a acusação de corrupção.
No ano seguinte, Eliana voltou a mostrar que não estava no STJ para
brincadeira. Numa canetada só, decretou a prisão de mais de 40 investigados na
Operação Navalha.
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