Augusto Nunes
A queda de Pedro Novais transformou o Brasil no novo recordista mundial da
modalidade não-olímpica arremesso de ministros bandalhos: com o maranhense que
pendura no cabideiro de empregos públicos até a governanta e o motorista da
patroa, quatro pais-da-pátria perderam o emprego por envolvimento em casos de
corrupção no período de 100 dias.
Uma baixa a cada 25 dias é uma proeza de bom tamanho. Mas a presidente Dilma
Rousseff não tem nada a ver com a medalha de ouro. A marca foi estabelecida em
parceria pela liberdade de imprensa e pela indignação do país que lê. O Brasil é
recordista não por causa do governo, mas apesar dele.
Como Antonio Palocci, Alfredo Nascimento e Wagner Rossi, também Novais foi
autorizado a despedir-se do cargo com pompas e fitas. Oficialmente, nenhum
ministro foi demitido. Todos pediram demissão por escrito, em cartas repletas de
referências elogiosas à presidente e si próprios. Todos mereceram afagos
retóricos da chefe.
Embora sejam todos casos de polícia, até agora nenhum foi convidado a
explicar-se ao delegado. Liberado de audiências em tribunais, Novais logo estará
exercendo o direito de ir e vir no Congresso. E o substituto terá sido indicado
pela mesma turma do PMDB que pinçou do baixo clero da Câmara o inverossímil
festeiro de motel.
Na entrevista ao Fantástico, Dilma reafirmou que perdem tempo os que insistem
em vê-la de vassoura em punho. Se dependesse dela, reiterou, nenhum ministro
seria demitido. Só continuarão a enxergar faxinas éticas, portanto, os ingênuos
incuráveis e os cínicos demais.
As ações de despejo vão prosseguir porque a imprensa independente seguirá
publicando a verdade. E mais despejos serão consumados porque, como alerta uma
das frases emblemáticas do movimento contra a corrupção, os padrinhos dos
bandidos de estimação podem muito, mas não podem tudo.
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