terça-feira, 27 de junho de 2023

Valdemar saboreia pão que Bolsonaro amassou



Bem cedo Valdemar Costa Neto percebeu que já era muito tarde para reverter a provável suspensão dos direitos políticos de Bolsonaro por oito anos no julgamento que será retomado nesta terça-feira no Tribunal Superior Eleitoral. Em público, o dono do Partido Liberal qualifica a inelegibilidade de Bolsonaro como uma "injustiça inaceitável". Em privado, trata o revés como incontornável e administra o infortúnio do capitão como um ativo capaz de produzir lucros políticos para o PL.

Valdemar promove uma espécie de pré-campanha das eleições municipais de 2024. Antecipa o calendário para aproveitar a superexposição que o TSE proporciona a Bolsonaro. Programou visitas do capitão aos principais estados. O périplo foi iniciado nesta segunda-feira por São Paulo. A ideia é grudar em Bolsonaro uma pose de vítima e usar a vitimização como isca para atrair votos conservadores para candidatos do PL a prefeito e a vereador.

Se não houver pedido de vista, o veredicto do TSE deve sair antes do final de semana. Confirmando-se o resultado adverso, Bolsonaro será expurgado das urnas até 2030. Vestido de vítima, recorrerá ao Supremo Tribunal Federal. O recurso não tem efeito suspensivo. A hipótese reversão de uma decisão da Corte eleitoral é vista pelos próprios aliados de Bolsonaro como uma hipótese inexistente. Serviria apenas para compor o figurino de vítima.

As dúvidas sobre o desempenho de Lula na Presidência e de Tarcísio de Freitas no governo de São Paulo transformam num exercício de quiromancia qualquer especulação sobre o futuro político da polarização política no Brasil.

Hoje, Bolsonaro emerge das páginas de ações eleitorais e de processos criminais como um Napoleão de hospício. Mas Valdemar avalia que, embora tenha fornecido material para sua descoroação, Bolsonaro dispõe de prestígio para alavancar candidaturas em 2024 e para empurrar um nome conservador para o segundo turno de 2026. É como se Valdemar saboreasse o pão que Bolsonaro amassou.

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