terça-feira, 13 de junho de 2023

CPI do 8 de Janeiro: parlamentares aprovam pedido de acesso à quebra de sigilo de celulares de Bolsonaro, Cid e Torres; veja lista


Ex-presidente Jair Bolsonaro

Em um dia marcado por derrotas para o ex-presidente Jair Bolsonaro na CPI do 8 de Janeiro, parlamentares aprovaram requerimento que prevê o acesso a dados extraídos do celular do ex-chefe do Palácio do Planalto. O pedido é para que a Polícia Federal compartilhe o resultado da análise feita no aparelho apreendido durante operação que apura suspeita de fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e de sua filha. Há também outras pessoas ligadas ao ex-mandatário, que foram alvos de outras operações da PF, com pedidos de dados de celulares.

O autor do requerimento aprovado é o senador Rogério Carvalho (PT-SE), que pede "dados extraídos de celular e outras provas referentes ao ex-presidente Jair Bolsonaro. As informações foram obtidas pela Polícia Federal na Operação Venire, com o objetivo de investigar fraudes nos cartões de vacinação do ex-presidente, de familiares e de assessores".

A PF ainda precisa responder aos pedidos da CPI e ainda não há garantia que a comissão terá o compartilhamento das informações. Os dados solicitados pelo colegiado dizem respeito à Operação Venire, que apura possível fraude no cartão de vacinação do ex-presidente. O aparelho do ex-presidente foi periciado pela PF.

Ao justificar o requerimento, Carvalho disse que "há claros indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi o mentor e estimulador dos atentados às sedes dos Poderes, ocorridos em 8 de janeiro".

"Bolsonaro valeu-se das redes sociais como instrumento de desinformação e prática de atos ilícitos. Nessa linha, é importante que tenhamos acesso a uma das ferramentas que possibilitou essas postagens: o celular do ex-presidente. Assim, demonstra-se essencial que esta CPMI se debruce sobre os dados obtidos pela operação Venire, aprofundando as investigações, razão pela qual peço a aprovação do presente requerimento", afirmou o petista no requerimento.

Além disso, outros dois ex-assessores próximos a ele, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, também poderão ter os dados de seus aparelhos acessados pelos integrantes da comissão, caso a PF compartilhe informações sobre as operações das quais eles são alvos.

A comissão ainda decidiu que vai convocar personagens centrais para apurar os ataques golpistas do dia 8 de janeiro, incluindo Torres e Cid. Os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, ex-ministros de Bolsonaro, também tiveram suas convocações aprovadas.

Há também solicitações aprovadas para convocar George Washington de Oliveira, preso após uma tentativa de ataque com bomba nas intermediações do aeroporto internacional de Brasília em dezembro.

Outros personagens, no entanto, tiveram os requerimentos rejeitados. Foram eles o general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e o ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha, que estava no comando da agência no dia 8 de janeiro. A oposição tinha interesse de chamar os dois para emplacar a tese de que o governo se omitiu.

Veja a lista dos principais requerimentos aprovados nesta terça:
  • Convocação do ex-ministro da Justiça Anderson Torres;
  • Convocação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Compartilhamento pela PF de dados de celular de Bolsonaro;
  • Convocação de George Washington de Oliveira, preso após tentativa de ataque com bomba na DF;
  • Compartilhamento pela PF de dados de celular de Anderson Torres;
  • Compartilhamento pela PF de dados de celular de Mauro Cid;
  • Compartilhamento de dados e alertas da Abin antes dos ataques do dia 8 de janeiro;
  • Convocação de Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP);
  • Cópia integral de todos os e-mails/mensagens e documentos/ofícios emitidos ou recebidos pelo Comando Militar do Planalto - CMP, entre os dias 06 e 08 de janeiro de 2023, em razão das medidas de segurança adotadas para restringir o acesso de manifestantes;
  • Convocação de Jorge Eduardo Naime, Coronel da Polícia Militar do DF, então Comandante do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF);
  • Convocação de Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa de Bolsonaro;
  • Convocação de Augusto Heleno, ex-ministro do GSI de Bolsonaro;
  • Convocação de Elcio Franco, ex-assessor da Casa Civil no governo Bolsonaro;
  • Pedido de informação ao Telegram sobre os atos do dia 8 de janeiro;
  • Convocação de Julio Danilo, ex-secretário de Segurança Pública do DF.

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