quinta-feira, 31 de agosto de 2017

SEM EDUCAÇÃO, SÓ MILAGRE


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Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação. Tudo fragmentário e desarticulado.

Mas, subordinada a educação pública a interesses transitórios, caprichos pessoais ou apetites de partidos, será impossível ao governo realizar a imensa tarefa que se propõe a “Pátria Educadora”.

Democratização do ensino não é baixar o nível de ensino na escola (igualando a todos na ignorância), mas levar o bom ensino a todos, para que cada um chegue aonde quer e pode chegar.

No ensino público: faltam 400 mil professores na Educação Básica (fundamental e médio) no País. 

A maior carência é para as disciplinas de matemática, química, física e biologia. Há escolas que nem as têm na grade. Sem professor, só milagre! 

Além disso, há o desprezo pelas regras gramaticais e ortográficas, como se houvesse um desejo recôndito de prestigiar a ignorância. Ou seja, ninguém deve dar bola para a gramática e a ortografia.

Em primeiro lugar, pode-se registrar o fato, facilmente comprovável, de que nunca se escreveu e falou tão mal o idioma de Ruy Barbosa. Culpa, quem sabe, da deterioração do nosso sistema de educação básica.

Em segundo, o pouco apreço que devotamos ao gosto pela leitura.

Em terceiro, lê-se por hábito, por entretenimento, pelo simples dever, na busca de informações, para realizar uma pesquisa universitária, por motivos religiosos ou até mesmo para preencher a própria solidão.

A conclusão é óbvia: sem leitura, como escrever adequadamente?

A nova política educacional rompendo, de um lado, contra a formação excessivamente literária de nossa cultura, para lhe dar um caráter científico e técnico, e contra esse espírito de desintegração da escola, em relação ao meio social, impõe reformas profundas, orientadas no sentido da produção e procura reforçar, por todos os meios, a intenção e o valor social da escola, negando a arte, a literatura e os valores culturais. Com esta orientação fica difícil criar uma consciência da importância da nossa cultura, no espírito das novas gerações. 

A situação atual, criada pela sucessão periódica de reformas parciais e frequentemente arbitrárias em nossa LDBEN nº 9394/96.

O caminho para a solução passa necessariamente pela junção dessas duas vertentes, justificando a sigla MEC.

Está na hora de mudar isso. A educação é o caminho, antes que o país afunde de vez na ignorância, miséria e violência. 

Por Nelson Valente (professor universitário, jornalista e escritor)

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