Josias de Souza
Aécio Neves, o presidenciável do PSDB, considerou “extremamente positivo para as oposições” o resultado do último Datafolha. Para ele, o dado mais relevante não é a dianteira de Dilma Rousseff. “O mais importante, o que há de mais sólido na pesquisa, é o sentimento de mudança que permeia a sociedade brasileira. Temos dois terços do eleitorado querendo mudar.”
No cenário mais provável, Dilma prevaleceria no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Amelharia 47% dos votos, contra 19% de Aécio e 11% de Eduardo Campos (PSB). O que senador tucano realça é o paradoxo contido no miolo da sondagem.
Os pesquisadores do Datafolha perguntaram a cada entrevistado: você prefere que a maior parte das ações do próximo presidente seja “igual às ações da presidente Dilma ou que a maior parte dessas ações seja diferente da atual presidente”.
A grossa maioria, 66%, disse preferir que o próximo inquilino do Planalto tome decisões majoritariamente diferentes das que Dilma tomou. Se é assim, por que o índice de intenções de voto de Dilma é superior à soma das taxas atribuídas aos seus antagonistas?
Conforme já comentado aqui, pode-se dizer que Dilma prevalece por WO. A oposição ainda não entrou em campo. Aécio enxerga a realidade sob outro ângulo. Para ele, o que há hoje não é uma disputa, mas “um monólogo”. Como assim? “A presença da presidente da República nas mídias de massa é avassaladora.”
Na visão de Aécio, Dilma aparece infinitamente mais do que seus antagonistas por duas razões: a propaganda institucional do governo é feita “em doses cavalares”. E o exercício do cargo oferece à presidente uma visibilidade que os rivais jamais terão.
Aécio enfatiza: “A pesquisa é positiva porque, apesar do monólogo atual, a maioria dos brasileiros quer mudança. Essa parcela da população só vai identificar o agente dessa mudança quando os candidatos de oposição tiverem a oportunidade de dizer para a massa da população o que pensam. Isso não vai acontecer enquanto não houver uma democratização dos espaços de comunicação de massa.”
Guiando-se pelo histórico de eleições anteriores, Aécio prevê para março de 2014 o abrandamento do déficit de holofotes da oposição. Acredita que a dinâmica da campanha e a legislação eleitoral tornarão a disputa menos desigual. A partir daí, diz Aécio, “o grande desafio será saber quem vai suprir a necessidade de mudança do eleitorado. Tenho confiança de que nós representaremos a mudança segura, com qualificação.” Acha que, no contexto atual, figurar na pesquisa com 19% é “um feito”.
Aécio repisa o que vem dizendo nas suas viagens —desde maio, já visitou 21 Estados, alguns mais de uma vez. “O processo de aprendizado do PT está custando muito caro ao país. Dilma roda um software pirata. Veja o caso das privatizações. Demonizaram durante dez anos. Agora, fazem de forma envergonhada. Está na hora de retornar o software original.”
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