Carlos Brickmann
Julgamento do Mensalão? OK, é importante, tem consequências políticas, mas
não mexe com nossa vida do dia a dia.
Campanha do PT contra a imprensa, anunciada pelo irmão do José Genoíno,
aquele cujo assessor andava com dólares na cueca? Previsível: há muito tempo se
usa punir o portador de más notícias.
Já a sucessão de apagões mexe com a vida de todos nós. Um apagão é um
problemaço. Três apagões em 34 dias são mais do que três problemaços: são uma
indicação de que o sistema brasileiro de energia enfrenta problemas.
Pior: o Governo sabe dos problemas, tanto que teme falta de luz quando acaba
uma novela; e continua brincando de explicar. A última: "não é apagão, é
apaguinho".
Seja qual for o nome que as autoridades queiram dar à incompetência
administrativa do setor, na quinta foram atingidos onze Estados - os nove do
Nordeste, mais dois do Norte, além de Brasília. No apagão de setembro, ficaram
no escuro oito dos nove Estados nordestinos.
O professor Ildo Sauer, da Universidade de São Paulo, petista até debaixo
dágua, diz qual é o principal problema: falta de manutenção da rede. "Uma parte
do sistema é cinquentão e deveria ter passado por um processo de manutenção e
substituição. A indicação mais óbvia de que isso não ocorreu são os
apagões".
Claro (ou escuro): manutenção não dá voto, não tem inauguração, não tem
discurso, não rende matéria na TV.
(...) Imprensa é chata e o que está escrito pode ser consultado. Por exemplo,
no Estadão de 11 de setembro, a presidente Dilma Rousseff disse que, quando
assumiu o Ministério de Minas e Energia, no Governo Lula, o país enfrentava
sérios problemas no setor. Com o trabalho que iniciou, o risco de apagão e
racionamento desapareceu, e as três exigências que Lula lhe havia feito foram
atendidas: não poderia faltar luz nos 365 dias do ano, nas 24 horas do dia; as
tarifas seriam módicas; e haveria acesso universal à energia.
A partir da data da entrevista, no mês passado, houve três apagões. Se não
estivesse escrito nos malditos jornais, daria para botar a culpa na zelite
golpista.
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