No encaminhamento do seu voto, há pouco, durante julgamento dos mensaleiros,
o ministro Marco Aurélio leu parte do discurso que fez em 2006 ao assumir a
presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
* São tantas e deslavadas as mentiras, tão grosseiras as justificativas, tão
grande a falta de escrúpulos que não se pode cogitar somente de uma crise de
valores, senão de um fosso moral e ético que parece dividir o pais em dois
segmentos estanques: o da corrupção, seduzido pelo projeto de poder, e a grande
massa comodata, que, apesar de mal exemplo, esforça-se para sobreviver e
progredir.
* Faz de conta que não foram usadas as mais descaradas falcatruas para
desviar milhões de reais em um prejuízo irreversível em um país de tantos
miseráveis. Faz de conta que tais abusos não continuam se reproduzindo à luz do
dia, em um desafio cínico à supremacia da lei.
* Àqueles que continuam zombando diante de tão simples obviedades, é bom
lembrar que não são poucos os homens públicos brasileiros sérios, cuja honra não
se afasta com o tilintar de moedas, com promessas de poder ou mesmo com
retaliações, e que a imensa maioria dos servidores públicos abomina a falta de
princípios dos inescrupulosos que pretendem vergar o Estado ao peso de
ideologias espúrias, de mirabolantes projetos de poder.
* Aos que laboram em tamanhas tolices, nunca é demais frisar que se a ordem
jurídica não aceita o desconhecimento da lei como escusa até do mais humilde dos
cidadãos, muito menos há de admitir a desinformação dos fatos pelos agentes
públicos, a brandirem a ignorância dos acontecimentos como tábua de salvação.
* Incumbe a cada eleitor perceber que o voto, embora individualizado, a
tantos outros se seguirá, formando o grande todo necessário à escolha daqueles
que o representarão. Impõe-se, nesse sagrado direito-dever, a conscientização, a
análise do perfil, da vida pregressa daqueles que se apresentem, é de presumir
--repito --para servir com honestidade de propósito e amor aos concidadãos,
dispostos, acima de tudo, a honrar a coisa pública.
* Em síntese, é irreprochável [sem defeitos] o trabalho acusatório neste
processo, mas há ataques e também devo fazer justiça aos profissionais da
advocacia. Há ataques. Há um excesso de acusação.
* Em se tratando de corrupção, a paz social fica abalada em, pelo menos,
legitimidade das instituições pátrias --na crença do cidadão nas
instituições.
* No caso, houve a formação de uma quadrilha das mais complexas, envolvendo,
na situação concreta, o núcleo dito político, o núcleo financeiro e o núcleo
operacional, mostrando-se os integrantes em número de 13. É sintomático" o
número de integrantes da suposta quadrilha. Treze é também o número do Partido
dos Trabalhadores (PT).
* Assento a culpa daqueles que integravam o núcleo político de José Dirceu,
Delúbio Soares e de José Genoino. Assento a culpa daqueles que integravam o
núcleo financeiro, e é lamentável ter-se que concluir desta forma.
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