domingo, 21 de outubro de 2012

Em entrevista ao 'Clarín', Lula revelou quem foi o chefe do mensalão


Augusto Nunes


A Argentina é logo ali, mas a entrevista concedida por Lula ao jornal El Clarín nesta quarta-feira sugere que o ex-presidente não reagiu bem à viagem sem mudança de fuso horário. Convidado a comentar o julgamento do mensalão, o palanque ambulante desta vez não se refugiou em golpes imaginários, nem enxergou “um problema de caixa dois” na imensa roubalheira descoberta em meados de 2005. Preferiu inventar outra história para safar-se do escândalo. E a discurseira resultou em outro perfeito tiro no pé.

“Para um presidente que teve oito anos de mandato, o fato de terminar com 87% de aprovação popular é um enorme julgamento”, viajou o entrevistado.

Ao confundir o Ibope, o Sensus e o Vox Populi com o Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente não só admitiu que o mensalão existiu como se instalou voluntariamente no banco dos réus.

O desastre se consumou quando o declarante confundiu eleição com tribunal e eleitor com jurado.

“Já fui julgado pelas urnas”, decidiu. “A vitória de Dilma Rousseff foi um julgamento extraordinário”.

Faz de conta que sim. Nesse caso, Lula foi absolvido por 55 milhões de eleitores que votaram em Dilma. Em contrapartida, foi condenado por 43 milhões que rejeitaram a sucessora que escolheu. Não é pouca coisa.

Para essa imensidão de brasileiros ─ quem está dizendo é o próprio Lula ─, o país foi governado durante oito anos pelo chefe supremo de uma organização criminosa.

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