Marcelo Madureira do "Casseta & Planeta" |
O Brasil é um país complicado. Por um lado, a democracia dá um salto de qualidade, impulsionada pela ação do Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão. Do outro lado, assistimos nestas eleições de 2012, mais uma vez, articulações de forças intestinas na direção do atraso, do patrimonialismo autoritário e obscurantista.
A cidade de São Paulo é a principal arena deste MMA político brasileiro. Queira ou não queira, o segundo turno paulistano, como sempre, alcança dimensão nacional. São Paulo não é só a nossa maior metrópole, mas também, por sua multiplicidade, uma síntese do Brasil. Além da gestão da cidade, o que está em jogo são dois projetos políticos distintos e antípodas.
Coerente com o perfil autoritário do ex-presidente Lula, o candidato Fernando Haddad, enfiado goela a dentro do PT, dá continuidade ao projeto lulista.
Esse lulismo traz dentro de si tudo aquilo que a civilização brasileira quer transformar em página virada. O projeto caudilhesco de Lula usa o aparelhamento do Estado, a demagogia populista e não contempla uma transformação virtuosa da sociedade brasileira.
Fernando Haddad é mais uma peça desse projeto. Projeto que tem como único arcabouço “ideológico” o poder pelo poder, a qualquer preço, e com as alianças com aquilo de pior que existe na política brasileira. E a lista é grande: são Malufes, Sarneys, Barbalhos, Calheiros, Collors e Valdemares Costa Neto. Está nos autos.
O mensalão foi um atentado à democracia brasileira. Uma traição explícita à Constituição, pedra fundamental do Estado de Direito que, no ato de posse, o presidente jura manter, proteger e cumprir.
Mas palavra de honra não me parece que seja coisa para se levar em conta no lulismo. Para Lula e os seus áulicos, a democracia é um valor burguês, uma figura de retórica a ser utilizada segundo a conveniência do momento.
O povo de São Paulo, guardião intransigente da Constituição brasileira, honrando o movimento constitucionalista de 1932, tem o dever de derrotar esse projeto político.
José Serra pode não ser um candidato simpático. Muito pelo contrário. O ex-governador de São Paulo Mário Covas também não era. Mas, como o saudoso Covas, Serra já provou mais de uma vez retidão e competência na gestão da coisa pública, e isso é o mais importante. O eleito, afinal, não vai ganhar um programa de humor, mas uma prefeitura para administrar.
A única lembrança que Haddad deixou do seu período à frente do Ministério da Educação, por outro lado, foi a sua desastrosa gestão do Enem, com fraudes e erros de organização que prejudicaram milhões de alunos em um momento crucial das suas vidas.
Desnecessário dizer que, se votasse em São Paulo, votaria no Serra. Subtraindo seus defeitos e somando as suas virtudes, José Serra é a melhor alternativa.
Inclusive acredito que o compromisso que o candidato tucano propõe aos paulistanos não será interrompido por uma eventual candidatura à presidência, como tanto se comenta. Serra sabe que o seu sonho com o Planalto já passou e que a oposição brasileira, em nível nacional, pede novos protagonistas.
Caramba! Nunca escrevi tão sério! Deve ser a influência do Serra…
Por Marcelo Madureira
Por Marcelo Madureira
Um comentário:
Marcelo, como sempre, você me faz dar gostosas gargalhadas sobre a piada que você aqui contou. Risível sua proposta, mas nada me leva a crer que você não tenha levado uma "nota preta" para escrever isto. Ainda bem que você não vota em São Paulo. Aliás, você termina muito bem sua manifestação quando afirma: "Caramba! Nunca escrevi tão sério! Deve ser a influência do Serra…". E que influência (R$) o Serra lhe apresentou. Marcelo, você é tão ingênuo que até acredita que o Serra vá cumprir integralmente o mandato, se eleito.
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