O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira, 15, sem
entrar em detalhes, que o discurso do governo hoje com relação à atuação da
imprensa não difere muito do que fala e pensa o presidente do Equador, Rafael
Correa, que declarou recentemente que "na América Latina a única ditadura que
existe é a dos meios de comunicação". "Trata-se de uma pessoa que não respeita a
liberdade de imprensa e de expressão", avaliou o ex-presidente brasileiro sobre
Correa.
"Não quero entrar em detalhes, mas não é diferente do que se faz no Brasil.
Dizem com menos violência, mas dizem que quem atrapalha o governo é a imprensa",
disse FHC ao participar nesta segunda-feira da 68ª Assembleia Geral da Sociedade
Interamericana de Imprensa (SIP), que acontece em São Paulo.
FHC defendeu também que o argumento de que os meios de comunicação são
milionários, como diz o presidente do Equador, não é válido para justificar
ataques à liberdade de imprensa. "Não há como se ter um processo custoso como a
imprensa sem que alguém pague. Porque a imprensa oficial também tem custos e
alguém paga", diz o ex-presidente. "No caso, o que importa é se a informação tem
ou não credibilidade. As empresas não buscam o lucro para ter credibilidade,
busca a credibilidade para ter lucro. A vantagem é que a imprensa privada pode
ser punida com a falta de leitores se sua informação não tiver credibilidade e a
outra continua", avaliou.
O frenesi contra a imprensa, na opinião de Fernando Henrique, se dá porque
alguns governos querem ter o monopólio da opinião. "Mas hoje, com as mídias
sociais fica difícil porque cada um publica a sua opinião", explicou,
acrescentando que infelizmente está se criando uma tentativa de pensamento
único, de que tudo o que está sendo colocado aqui ou ali é o que importa.
Estadão
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