Todo político flagrado com a mão na massa de dinheiro sujo tem sempre a mesma
resposta: a culpa é do sistema eleitoral. É como se eles fossem obrigados a agir
contra seus princípios para não ficar em desvantagem com os adversários. Porque
os políticos dependem das empresas que financiam as campanhas e, naturalmente,
esperam retorno para seus investimentos. Agora eles se apresentam, como fez o
incrível José Roberto Arruda, como vítimas de um sistema eleitoral perverso.
A única solução para acabar com a corrupção eleitoral e o caixa dois, eles
clamam, é o financiamento público das campanhas. Não contentes em já abocanharem
fundos partidários milionários bancados com dinheiro público e de desfrutarem do
valioso tempo do horário eleitoral "gratuito", mas pago pelo contribuinte às
emissoras de rádio e TV, ainda acham pouco. Sob o pretexto de democratizar a
disputa, querem que todas as despesas das campanhas sejam pagas por nós - e
distribuídas pelos critérios deles.
Nossos representantes no Congresso não querem uma reforma eleitoral de
verdade porque se beneficiam do atual sistema. Ninguém quer perder nada do que
já tem e todos querem ganhar em cima dos outros. Como a culpa é nossa, porque os
elegemos, pagamos a conta e eles racham o butim.
Basta ver o que eles fazem com as verbas de gabinete na Câmara e no Senado,
com suas manadas de assessores e cupinchas, seus gastos em publicidade, suas
viagens, suas lambanças na vida pública e na privada. Quem vai acreditar que
esse pessoal não vai mais usar dinheiro ilegal em suas campanhas? Só o medo do
Supremo Tribunal Federal não vai desencorajá-los.
O insuspeito ministro Dias Toffoli, que durante anos atuou no PT e em
campanhas eleitorais, apresentou uma boa solução, com sólidos argumentos:
simplesmente proibir doações de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais.
Porque empresa não vota! Os eleitores são os cidadãos, as pessoas físicas, os
indivíduos, que têm seus candidatos, partidos e interesses, então cabe a eles
contribuir para as campanhas, dentro de rígidos limites que impeçam abuso do
poder econômico. Voto com o relator.
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