O exemplo do Paraguai.
O Paraguai que é um país que tem fama de ser centro de produtos falsificados, porém, esta semana seu povo deu prova de sua estirpe, vergonha, segurança e demonstração de saber bem o que quer para si, embora seja, segundo a Transparência Internacional, o segundo país mais corrupto da América do Sul, atrás da Venezuela.
Esta semana mostrou a nós brasileiros e, na esteira a toda esta América, uma lição de que, se quisermos, podemos mudar o rumo da política clientelista, apadrinhada e compadresca e corrupta que por aqui também temos.
Eis o caso: O senador Victor Bogado empregou a babá de seus filhos na Câmara dos Deputados e na Itaipu Binacional, com salários que somados resultam em R$ 8.200,00.
Foi instalada no senado comissão para apurar o fato e 23 de seus pares mantiveram seu mandato, como os nossos congressistas fazem aqui (veja Donadon).
Porém, os paraguaios fartos que estão da corrupção e deslealdade dos políticos (como nós brasileiros também deveríamos estar, mas ‘cordeiramente’ não estamos), resolveram reagir e protestaram espalhando fotografias dos usurpadores que votaram favoravelmente a Bogado, impedindo suas entradas em bares, shopping, cinemas, restaurantes, impondo-lhes constrangimentos, obrigando-os à reflexão de seus irresponsáveis atos de acobertamento ao corrupto.
Os atos de repulsa chegaram a tal ponto que em dado momento, quando o senador Oscar Gonzalez Daher, em companhia de sua mulher entrou para jantar no refinado restaurante Il Bambu, em Assunção, o garçom deles se aproximou e recomendou que se retirassem, pois ali nada lhes seria servido. Das outras mesas, ouviam se gritos de “Fora, ladrão”. (sic VEJA). O mesmo se deu com a senadora Mirta Gusinky que foi, aos gritos de corrupta, enxotada de um salão de beleza onde se encontrava.
Atos tais fizeram com que os congressistas que haviam votado pró-Bogado retirassem seus votos, possibilitando o processo no senado paraguaio, e resultar na perda do mandato.
Ah, cabe esclarecer: o voto lá não é secreto, de modo que se pode saber quem votou favoravelmente ao corrupto, e assim exercer pressão sobre os senadores que ampararam o usurpador.
No entanto aqui neste nosso país chamado Brasil, os restaurantes de Brasília são tão mais importantes quanto for o número de políticos que o frequente. Uma pena!
Realmente precisamos mudar muito para que este país possa ser sério. Muito!
Digo isto, pois não é possível aceitar a afirmação da ministra Eliana Calmon, então corregedora da Justiça Nacional, que à época arvorou-se de salvadora da pátria, da absoluta, de que: “Está se filiando ao PSB, mas seu compromisso é com a Marina Silva”.
Triste ouvir da ex-corregedora da Justiça afirmação tão insólita, pois demonstra que este país chamado Brasil ninguém tem compromisso com o partido, mas sim com a turma (ou, em alguns casos, turba) que o compõe, o que faz com que tenhamos partidos frágeis, de aluguel, o que possibilita as negociatas e a corrupção.
Constrangedor se chegar à conclusão que os arroubos, os atos da então corregedora de Justiça tenham sido feitos para a platéia, para o circo, com dúbia intenção, e dela agora politicamente tirar proveito.
O exemplo do Paraguai está aí, se quisermos (eu acho que devemos) dele tirar proveito podemos.
2 comentários:
Eita Brasa, que precisão cirúrgica essa sua matéria, pois estar recebendo ensinamentos do Paraguai é porque as coisas por aqui estão mesmos ruins. Mas que é verdade isto é.
Podemos começar aqui mesmo por Caçapava, não deixando os políticos mentirosos e prepotentes que estão no poder, não frequentarem os mesmos lugares que pessoas de bem aqui de nossa cidade frequentam.
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