Levantamento feito pelo Datafolha entre os dias 13 e 14 de junho mostra crescimento do petista Fernando Haddad na intenção de voto para Prefeitura de São Paulo. No início de março, o instituto lhe atribuía 3% nas intenções de voto; agora, 8%. Os petistas vão festejar o crescimento de 170%. Vejam bem: se, com apenas 1%, tivesse chegado a 3%, teria crescido 200%. Se tivesse zero e conseguisse 0,1%, a multiplicação teria sido ao infinito.
O fato é que, no manual eleitoral petista, ele deveria estar agora com dois dígitos, mais perto de 20% do que 10%. Não aconteceu. De todo modo, a sua participação no horário político do partido, a ida com Lula ao Programa do Ratinho e aparições em eventos a que Dilma esteva presente não foram inócuas. Se o eleitorado tipicamente petista adotá-lo, chega a 30% com facilidade. Ocorre que ele é um candidato pesado. Vai dar trabalho ao PT.
O tucano José Serra continua na liderança, com 30% das intenções de voto, seguido de Celso Russomo (PRB), com 21%; Soninha Francini (PPS), com 8% (junto com Haddad); Netinho de Paula (PC do B), com 7%; Gabriel Chalita (PMDB), com 6%, e Paulinho da Força (PDT), com 5%. A pesquisa foi realizada nos dias 13 e 14 e não pega, portanto, o impacto do anúncio de Luíza Erundina (PSB) como vice. O vice, dizem alguns estudiosos da área, costuma não dar voto, mas pode tirar. Erundina fez a sua estreia na nova composição criticando o slogan de campanha, chamando Haddad de “moço esforçado” e afirmando que eleição é uma oportunidade para cuidar da boa e velha luta de classes. Não foi exatamente uma prefeita aprovada pelos paulistanos. Vamos ver.
Tudo está no começo. O próximo a anunciar apoio a Haddad deve ser Paulo Maluf (PP). Caso se confirme, será um minuto e meio a mais no tempo de TV. Ele mais dá que tira votos? Luiz Inácio Lula da Silva acha que sim. Nem todos aqueles nomes devem estar na cédula. O PT dá como certa a coligação com o PC do B e aposta no entendimento com o PDT.
Petistas tentarão comemorar a rejeição a Serra (32% não votariam nele). Bobagem. Candidato conhecido por 100% dos paulistanos, leva o “não” do terço do eleitorado que vota no PT — ou, se quiserem, que é antitucano. “E por que Haddad não tem, então, o terço de rejeição dos que não votam no PT de jeito nenhum?” Porque ele ainda não é conhecido o bastante. Entre os que o conhecem, no entanto, é bem mais rejeitado do que acolhido? 8% de adesão para 12% de rejeição.
Cai a influência de Lula
Um dado notável na pesquisa é que caiu dez pontos percentuais a influência de Lula na disputa pela Prefeitura na comparação com janeiro — e não é por falta de aparecer, né? Em março, 49% poderiam votar no candidato apoiado por ele; hoje, 39%. O governador Geraldo Alckmin poderia influenciar 29% dos entrevistados, e Dilma, 28%. Lula certamente ficará inconformado e tentará aparecer mais ainda, tutelando o seu pupilo.
Por Reinaldo Azevedo
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