sábado, 23 de junho de 2012

Vivemos em uma sociedade de criminosos


Meu artigo no Via Vale desta semana:



O Brasil está vivendo hoje a mais completa esculhambação moral de sua história. Em todos os seguimentos da sociedade, o objetivo é levar vantagem e de forma fácil enriquecer.

Ladrões invadem casas, condomínios de luxo, prédios de apartamento e até barracos. Roubam o que acham pela frente. Assaltam à luz do dia e de madrugada. Levam nosso carro da rua e da garagem. Homens, mulheres, crianças e velhos, ladrões de todo tipo. Será que eles sabem que não têm o direito de fazer isso? Bem, talvez eles saibam, mas o fazem assim mesmo porque seu desejo de obter o imerecido é maior do que seu respeito pelos direitos de propriedade de terceiros. Talvez os ladrões tenham racionalizado seu crime com base em alguma suposta necessidade; necessidade essa produzida, talvez, pelo fato de terem sido "marginalizados" pela sociedade.

Sobre as atitudes desses ladrões em particular, podemos apenas especular. Porém, em um sentido mais amplo, podemos perguntar: Por que será que um criminoso sente-se confortável tomando uma propriedade que ele não adquiriu por merecimento próprio?

É claro que somente um salafrário dos mais torpes poderia achar que tem o direito de roubar a propriedade dos outros! Nenhum cidadão "cumpridor das leis" iria aceitar tal coisa!

As pessoas frequentemente se surpreendem com a mentalidade dos "criminosos comuns" e se esquecem dos criminosos institucionais.

Igrejas que anos atrás serviam de alivio às agruras da vida e lugar de reflexão religiosa viraram verdadeiras arapucas para pobres e ignorantes, que tiram da boca da sua família, partes de seus ganhos para encherem as burras de vigaristas e exploradores da fé.

Escolas, hospitais, delegacias de polícia e estradas, infra-estruturas que deveriam servir ao povo estão caindo aos pedaços. Enquanto isso, nossos políticos vivem e desfrutam de verdadeiros palácios, hotéis suntuosos, altos salários, assessores de toda espécie e infra-estrutura milionária.

Na verdade vivemos hoje numa sociedade de criminosos. De um lado os bandidos comuns do outro os bandidos oficiais.

A única diferença entre o ladrão "reconhecido como criminoso" e o membro da máquina estatal é que o ladrão faz o próprio trabalho sujo. Ele não obtém aparelhos de televisão, aparelhos de som e jóias por meio daquela modalidade de roubo conhecida como "política pública". Ao invés de recrutar políticos burocratas para roubar a propriedade alheia em benefício próprio, ele faz o serviço sujo por conta própria.

O que quero dizer com: “vivemos em uma sociedade de criminosos”. Simplesmente, dizer que a vasta maioria das pessoas em nossa sociedade apóia atos criminosos cometidos contra terceiros. Esses supostos cidadãos cumpridores da lei apóiam o roubo, a agressão, a transgressão e, algumas vezes, até o assassinato quando esses crimes são camuflados sob o respeitável manto das "políticas públicas". O desprezo com que eles vêem os criminosos comuns é genuinamente risível quando se examina a criminalidade em massa que eles apóiam.



A atitude do público em relação ao "criminoso comum" gera uma óbvia pergunta. Qual seria a  razão que você teria para reclamar das ações desses criminosos quando você próprio apóia e  defende ações criminosas em escala muito maior?



No Brasil de hoje a corrupção consome entorno de R$ 80 bilhões por ano. Essa “bagatela” é desviada dos serviços públicos por criminosos oficiais escolhidos pelo cidadão que só se indigna com os criminosos comuns.


Concluindo: Qual a diferença entre o ex-presidente Lula e o contraventor Carlos Cachoeira? Nenhuma! Ambos usaram dinheiro público para comprar políticos e garantirem o sucesso de seus interesses.

Um comentário:

Miriaklos disse...

Meu Caro Clovis parabéns pela análise sensata, equilibrada e tristemente real que nossa sociedade vive. Mas como você mesmo deixa ali assentado: nós mesmos somos os culpados por eleger pessoas usurpadoras, ladras. E o pior sem nenhuma reação de uma sociedade organizada, e até mesmo pelo contrario, absolutamente desinteressada pelas coisas do país.