Meu artigo no Via Vale desta semana:
O Brasil está vivendo hoje a mais completa
esculhambação moral de sua história. Em todos os seguimentos da sociedade, o
objetivo é levar vantagem e de forma fácil enriquecer.
Ladrões invadem casas, condomínios de luxo, prédios
de apartamento e até barracos. Roubam o que acham pela frente. Assaltam à luz
do dia e de madrugada. Levam nosso carro da rua e da garagem. Homens, mulheres,
crianças e velhos, ladrões de todo tipo. Será que eles sabem que não têm o
direito de fazer isso? Bem, talvez eles saibam, mas o fazem assim mesmo
porque seu desejo de obter o imerecido é maior do que seu respeito pelos
direitos de propriedade de terceiros. Talvez os ladrões tenham racionalizado
seu crime com base em alguma suposta necessidade; necessidade essa produzida, talvez,
pelo fato de terem sido "marginalizados" pela sociedade.
Sobre as atitudes desses ladrões em particular,
podemos apenas especular. Porém, em um sentido mais amplo, podemos perguntar:
Por que será que um criminoso sente-se confortável tomando uma propriedade que
ele não adquiriu por merecimento próprio?
É claro que somente um salafrário dos mais torpes
poderia achar que tem o direito de roubar a propriedade dos outros! Nenhum
cidadão "cumpridor das leis" iria aceitar tal coisa!
As pessoas frequentemente se surpreendem com a
mentalidade dos "criminosos comuns" e se esquecem dos criminosos
institucionais.
Igrejas que anos atrás serviam de alivio às agruras
da vida e lugar de reflexão religiosa viraram verdadeiras arapucas para pobres
e ignorantes, que tiram da boca da sua família, partes de seus ganhos para
encherem as burras de vigaristas e exploradores da fé.
Escolas, hospitais, delegacias de polícia e estradas,
infra-estruturas que deveriam servir ao povo estão caindo aos pedaços. Enquanto
isso, nossos políticos vivem e desfrutam de verdadeiros palácios, hotéis
suntuosos, altos salários, assessores de toda espécie e infra-estrutura
milionária.
Na verdade vivemos hoje numa sociedade de criminosos.
De um lado os bandidos comuns do outro os bandidos oficiais.
A única diferença entre o ladrão "reconhecido
como criminoso" e o membro da máquina estatal é que o ladrão faz o próprio
trabalho sujo. Ele não obtém aparelhos de televisão, aparelhos de som e jóias
por meio daquela modalidade de roubo conhecida como "política
pública". Ao invés de recrutar políticos burocratas para roubar a
propriedade alheia em benefício próprio, ele faz o serviço sujo por conta
própria.
O que quero dizer com: “vivemos em uma sociedade de
criminosos”. Simplesmente, dizer que a vasta maioria das pessoas em nossa
sociedade apóia atos criminosos cometidos contra terceiros. Esses supostos
cidadãos cumpridores da lei apóiam o roubo, a agressão, a transgressão e,
algumas vezes, até o assassinato quando esses crimes são camuflados sob o
respeitável manto das "políticas públicas". O desprezo com que eles vêem
os criminosos comuns é genuinamente risível quando se examina a criminalidade
em massa que eles apóiam.
A atitude do público
em relação ao "criminoso comum" gera uma óbvia pergunta. Qual seria
a razão que você teria para reclamar das
ações desses criminosos quando você próprio apóia e defende ações criminosas em escala muito
maior?
No Brasil de hoje a corrupção consome entorno de R$
80 bilhões por ano. Essa “bagatela” é desviada dos serviços públicos por criminosos
oficiais escolhidos pelo cidadão que só se indigna com os criminosos comuns.
Um comentário:
Meu Caro Clovis parabéns pela análise sensata, equilibrada e tristemente real que nossa sociedade vive. Mas como você mesmo deixa ali assentado: nós mesmos somos os culpados por eleger pessoas usurpadoras, ladras. E o pior sem nenhuma reação de uma sociedade organizada, e até mesmo pelo contrario, absolutamente desinteressada pelas coisas do país.
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