Corrupção para todos os lados que se olhe. Regime de Contratação Diferenciado,
que colide frontalmente com a lei 8.666, baliza para as licitações públicas,
isenção total de impostos para gente da Fifa, fornecedores e cupinchas, e agora,
dinheiro do FGTS, da conta do trabalhador, para bancar obras. Parece não haver
limites para os descalabros feitos em nome da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos
Olímpicos de 2016.
Enquanto isso, a infraestrutura do país apodrece.
Divulgada na semana que passou, a 15ª pesquisa sobre as estradas brasileiras
feita pela Confederação Nacional dos Transportes é mais uma demonstração
inequívoca disso. Em um país em que mais de 60% da carga e de 95% da população
dependem de rodovias, 57,4% delas são péssimas, ruins ou, no máximo, regulares.
Pouco mais de 12% são consideradas ótimas.
Ninguém precisa ser bidu para saber que as ótimas são administradas pela
iniciativa privada. E que as 18 melhores são do Estado de São Paulo, campanha
eleitoral sim outra também, acusado de cobrar pedágios exorbitantes.
Os críticos dizem que os pedágios pesam no custo Brasil, como se a falta de
conservação nada custasse. E o custo vida? 8.516 vítimas fatais em 2010, 183 mil
colisões, 15,5% a mais do que em 2009. Só em estradas federais. Impossível
atribuir os dados apenas à imprudência.
Mas não basta concessionar. Ao fazê-lo, há de se fazer bem feito, fiscalizar.
Algo cada vez mais difícil no desnorteado governo Dilma Rousseff. E pouco vale
vangloriar-se de pedágios mais baixos quando as obras previstas em contrato
sofrem frequentes atrasos.
Alerta da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), feito em 2010, apontou
que trecho da BR-116 está próximo da saturação devido a obras que mal saíram das
pranchetas desde 2003. Isso na Dutra, que liga o Rio a São Paulo, eixo
fundamental para a Copa, quase o único que restou depois do conto de fadas do
trem-bala e das sempre adiadas ampliações dos aeroportos, que não deverão passar
de puxadinhos.
Na área urbana o caos não é menor. Os portos ditos turisticamente
estratégicos – Santos, Rio, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza e Manaus – são só
plantas arquitetônicas do que deveriam se tornar. Obra alguma começou. As de
mobilidade, muito menos. Imagine-se nas cidades dos sem-Copa.
Enquanto isso, o governo Dilma se embrulha na corrupção, na inoperância, na
falta de planejamento, gerência e comando. Parece esperar por milagres. E, ainda
que aconteçam, estarão longe de dar respostas às urgências estruturais do
país.
O atraso não é para 2014 ou 2016. O Brasil está atrasado para o Brasil.
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